Carma e Reencarnação – W.Q.Judge
Dos escritos de H.P.Blavatsky
Consideramos o Carma como a Lei Suprema do Universo, a fonte, a origem e o princípio de todas as outras leis que existem em toda a Natureza. O Carma é a lei infalível que ajusta o efeito à causa, nos planos físico, mental e espiritual do ser. Como nenhuma causa permanece sem seu devido efeito, da maior à menor, desde uma perturbação cósmica até o movimento da sua mão, e como o semelhante produz o semelhante, o Carma é aquela lei invisível e desconhecida que ajusta de forma sábia, inteligente e equitativa cada efeito a sua causa, rastreando esta última até seu produtor. Embora ele mesmo seja incognoscível, sua ação é perceptível. Embora não saibamos o que é o Carma per se e, em sua essência, sabemos como ele funciona e podemos definir e descrever o seu modo de ação com precisão.
Ciclos Cármicos
Para tornar o trabalho do Carma, nas renovações periódicas do Universo, mais evidente e inteligível para o estudante… ele tem de examinar conosco a influência esotérica dos Ciclos cármicos sobre a Ética Universal. A questão é: será que essas misteriosas divisões do tempo, chamadas Yugas e Kalpas pelos hindus, e tão graficamente de “ciclo”, anel ou círculo, pelos gregos, têm alguma influência ou conexão direta com a vida humana? Até mesmo a filosofia exotérica explica que esses círculos perpétuos do tempo estão sempre retornando sobre si mesmos, periodicamente e inteligentemente no Espaço e na Eternidade. Há “Ciclos de matéria” e há “Ciclos de evolução Espiritual”. Ciclos raciais, nacionais e individuais. Não pode a especulação esotérica nos permitir uma visão ainda mais profunda do funcionamento desses ciclos?
Há uma predestinação na vida geológica do nosso globo, assim como na história, passada e futura, das Raças e das nações. Isso está intimamente ligado ao que chamamos de Carma e os Panteístas ocidentais de “Nêmesis” e “Ciclos”. A lei da Evolução está agora nos levando ao longo do arco ascendente do nosso ciclo, quando os efeitos serão novamente reintegrados e se tornarão novamente as causas (agora neutralizadas), e todas as coisas afetadas pelas primeiras terão recuperado sua harmonia original. Esse será o ciclo de nossa “Ronda” especial, um momento na duração do grande ciclo, ou Maha yuga.
Assim como nosso planeta gira uma vez por ano em torno do Sol e, ao mesmo tempo, gira uma vez a cada vinte e quatro horas sobre seu próprio eixo, atravessando, assim, círculos menores dentro de um maior, também o trabalho dos períodos cíclicos menores é realizado e reiniciado dentro do Grande Saros.
A revolução do mundo físico, de acordo com a antiga doutrina, é acompanhada por uma revolução semelhante no mundo do intelecto – a evolução espiritual do mundo se processando em ciclos, assim como a física.
Assim, vemos na história uma alternância regular de fluxo e refluxo na maré do progresso humano. Os grandes reinos e impérios do mundo, depois de alcançarem o auge de sua grandeza, descem novamente, de acordo com a mesma lei pela qual ascenderam; até que, tendo alcançado o ponto mais baixo, a humanidade se reafirma e se eleva mais uma vez, sendo que a altura de sua realização é, por essa lei de progressão ascendente por ciclos, um pouco mais elevada do que o ponto a partir do qual ela havia descido antes.
Mas esses ciclos – rodas dentro de rodas, tão abrangente e engenhosamente simbolizados pelos vários Manus e Rishis na Índia e pelos Kabiri no ocidente – não afetam toda a humanidade ao mesmo tempo. Daí, como podemos ver, a dificuldade em compreender e diferenciar eles, no que diz respeito aos seus efeitos físicos e espirituais, sem ter amplamente dominado suas relações e ações sobre as respectivas posições das nações e Raças, em seu destino e evolução. Esse sistema não pode ser compreendido se a ação espiritual desses períodos – predeterminada, por assim dizer, pela lei cármica – for separada de seus cursos físicos.
O Grande Ciclo inclui o progresso da humanidade a partir do aparecimento do homem primordial de forma etérea. Ele percorre os ciclos internos de sua (do homem) evolução progressiva do etéreo até o semi-etéreo e o puramente físico: até a redenção do ser humano de sua vestimenta de pele e matéria grosseira, após o que ele continua a percorrer seu curso para baixo e depois para cima novamente, para se encontrar no auge de uma Ronda, quando a manvantárica “Serpente engole sua cauda” e sete ciclos menores são decorridas. Esses são os grandes Ciclos Raciais que afetam igualmente todas as nações e tribos incluídas nessa Raça especial; mas há dentro desses ciclos menores e nacionais, bem como tribais, que transcorrem independentemente uns dos outros. Eles são chamados no esoterismo oriental de os ciclos cármicos…
Sim -“Sábios são aqueles que veneram Nêmesis” como diz o coro a Prometeu. E tão insensatos são aqueles que acreditam que a deusa pode ser apaziguada por meio de quaisquer sacrifícios e orações ou, uma vez tomado o caminho, pode ter sua roda redirecionada. Os “destinos triformes e as fúrias sempre atentas” são seus atributos apenas na Terra e gerados por nós mesmos. Não há retorno dos caminhos que ela percorre; contudo, esses caminhos são feitos por nós mesmos, pois somos nós, coletiva ou individualmente, que os preparamos. Carma-Nêmesis é sinônimo de Providência, menos a concepção, a bondade e todos os outros atributos e qualificações finitos, tão não-filosoficamente atribuídos a essa última. Um ocultista ou um filósofo não falará da bondade ou da crueldade da Providência; mas, identificando-a com o Carma-Nêmesis, ensinará que, no entanto, ela guarda os bons e cuida deles nesta tanto quanto nas vidas futuras; e que castiga o malfeitor – sim, até o seu sétimo renascimento. Em suma, enquanto o efeito de ele ter perturbado até mesmo o menor átomo do Mundo Infinito de harmonia não tiver sido definitivamente reajustado. Pois o único decreto do Carma – um decreto eterno e imutável – é a Harmonia absoluta no mundo da matéria, assim como no mundo do Espírito. Não é, portanto, o Carma que recompensa ou pune, mas somos nós que nos recompensamos ou punimos, de acordo com o fato de trabalharmos com a Natureza, através dela e juntamente com Ela, obedecendo às leis das quais essa Harmonia depende, ou as quebramos.
A Lei da Harmonia e do Equilíbrio
Descrevemos o Carma como aquela Lei de reajuste que sempre tende a restaurar o equilíbrio perturbado no mundo físico e a harmonia rompida no mundo moral. Dizemos que o Carma não age sempre desta ou daquela forma específica; mas que ele sempre age de modo a restaurar a Harmonia e preservar a estabilidade do equilíbrio, em virtude do qual o Universo existe.
Pense agora em um lago. Uma pedra cai na água e cria ondas que perturbam. Essas ondas oscilam para trás e para a frente até que, por fim, devido ao funcionamento do que os físicos chamam de a lei da dissipação de energia, elas entram em repouso, e a água retorna à sua condição de calma tranquilidade. Da mesma forma, toda ação, em cada plano, produz uma perturbação na harmonia equilibrada do Universo, e as vibrações assim produzidas continuarão a rolar para trás e para frente, se sua área for limitada, até que o equilíbrio seja restaurado. Mas como cada uma dessas perturbações parte de algum ponto específico, fica claro que o equilíbrio e a harmonia só podem ser restaurados pela reconversão, nesse mesmo ponto, de todas as forças que foram postas em movimento a partir dele. E aqui está a prova de que as consequências dos atos, pensamentos etc. de um homem devem todas reagir sobre ele mesmo com a mesma força com a qual foram postas em movimento.
Os caminhos do Carma não seriam inescrutáveis se os homens trabalhassem em união e harmonia, em vez de em desunião e contenda. Pois nossa ignorância sobre esses caminhos – que uma parte da humanidade chama de caminhos da Providência, obscuros e intrincados; enquanto outra vê neles a ação do Fatalismo cego; e uma terceira, como simples acaso, sem deuses nem demônios para orientá-los – certamente desapareceria se apenas atribuíssemos a todos esses a sua causa correta. Com o correto conhecimento ou, em todo caso, com a convicção confiante de que nossos vizinhos não trabalharão mais para nos prejudicar do que nós pensaríamos em prejudicá-los, dois terços do mal do Mundo desapareceriam no ar. Se nenhum homem ferisse seu irmão, o Carma-Nêmesis não teria mais motivos para trabalhar nem armas para agir. É a presença constante em nosso meio de todos os elemento de conflito e oposição, e a divisão de raças, nações, tribos, sociedades e indivíduos em Cains e Abels, lobos e cordeiros, que é a causa principal dos “caminhos da Providência”. Diariamente, nós reduzimos com nossas próprias mãos esses inúmeros meandros em nossos destinos, enquanto imaginamos que estamos seguindo uma trilha na rodovia da respeitabilidade e do dever, e depois reclamamos que esses caminhos são tão intrincados e escuros. Ficamos perplexos diante do mistério da nossa própria criação e dos enigmas da vida que não vamos resolver, e depois acusamos a grande Esfinge de nos devorar. Mas, na verdade, não há um acidente em nossas vidas, um dia ruim ou um infortúnio que não possa ser rastreada de volta aos nossos próprios atos nesta ou em outra vida.
Carma e Reencarnação
Perguntas relativas ao Carma e aos renascimentos são constantemente apresentadas, e parece existir uma grande confusão sobre esse assunto. Aqueles que nasceram e foram criados na fé cristã, e foram treinados no conceito de que uma nova Alma é criada por Deus para cada recém-nascido, estão entre os mais perplexos. Eles perguntam se, em tal caso, o número de Mônadas encarnadas na Terra é limitado; ao que recebem uma resposta afirmativa. Foi afirmado que Carma-Nêmesis, cuja serva é a Natureza, ajustou tudo da maneira mais harmoniosa e que, por isso, a entrada ou a chegada de novas Mônadas havia cessado assim que a humanidade atingiu seu pleno desenvolvimento físico. Nenhuma Mônada nova encarnou desde o ponto médio dos Atlantes. Assim, lembrando que, salvo no caso de crianças pequenas e de indivíduos cujas vidas foram violentamente interrompidas por algum acidente, nenhuma Entidade Espiritual pode reencarnar antes de transcorrido um período de muitos séculos, tais lacunas, por si só, devem mostrar que o número de Mônadas é necessariamente finito e limitado… Daí a afirmação de que muitos de nós estão agora trabalhando os efeitos das causas cármicas maléficas produzidas por nós em corpos atlantes. A Lei do Carma está inextricavelmente entrelaçada com a da Reencarnação.
… É somente essa doutrina, dizemos, que pode nos explicar o misterioso problema do Bem e do Mal e reconciliar o homem com a terrível e aparente injustiça da vida. Nada mais do que tal certeza pode acalmar nosso revoltado senso de justiça. Pois, quando alguém não familiarizado com a nobre doutrina olha à sua volta e observa as desigualdades de nascimento e fortuna, de intelecto e capacidades; quando se vê tolos e perdulários homenageados, sobre quem a sorte acumulou seus favorecimentos por mero privilégio de nascimento, e seu vizinho mais próximo, com todo o seu intelecto e suas nobres virtudes – muito mais merecedor em todos os sentidos – perecendo de carência e por falta de compaixão; quando se vê tudo isso e se tem de se afastar, impotente para aliviar o sofrimento imerecido, com os seus ouvidos zumbindo e o seu coração doendo com os gritos de dor à sua volta – que só o conhecimento abençoado do Carma o impede de amaldiçoar a vida e os homens, assim como seu suposto Criador.
De todas as terríveis blasfêmias e acusações praticamente lançadas sobre o seu Deus pelos monoteístas, nenhuma é maior ou mais imperdoável do que aquela (quase sempre) falsa humildade que faz o cristão presumivelmente “piedoso” afirmar, em relação a todo golpe maldoso e imerecido, que “tal é a vontade de Deus”.
Compare essa fé cega com a crença filosófica, baseada em todas as evidências razoáveis e na experiência de vida, em Carma-Nêmesis, ou a Lei de Retribuição. Essa Lei – seja ela Consciente ou Inconsciente – não predestina nada nem ninguém. Ela existe desde e na Eternidade, de fato, porque é a própria Eternidade e, como tal, uma vez que nenhum ato pode ser coigual à eternidade, não se pode dizer que ela aja, pois ela é a própria ação. Não é a Onda que afoga um homem, mas a ação pessoal do infeliz, que vai deliberadamente e se coloca sob a ação impessoal das leis que regem o movimento do Oceano. O Carma não cria nada, nem projeta. É o ser humano que planeja e cria as causas, e a lei cármica ajusta os efeitos; cujo ajuste não é um ato, mas harmonia universal, tendendo sempre a retomar sua posição original, como um galho que, dobrado com demasiada força, se recupera sua posição inicial com o vigor correspondente. Se acontecer de deslocar o braço que tentou dobrá-lo para fora de sua posição natural, diremos que foi o galho que quebrou nosso braço ou que nossa própria insensatez nos trouxe sofrimento? O Carma nunca procurou destruir a liberdade intelectual e individual, como o Deus inventado pelos monoteístas. Ele não envolveu seus decretos em trevas propositadamente para confundir o homem, nem castigará aquele que ousar esmiuçar seus mistérios. Pelo contrário, aquele que desvela, através do estudo e da meditação, seus intrincados caminhos e lança luz sobre esses caminhos escuros, em cujos meandros tantos homens perecem devido à sua ignorância do labirinto da vida, está trabalhando para o bem de seus semelhantes. O Carma é uma Lei Absoluta e Eterna no Mundo da manifestação; e como só pode haver um Absoluto, como uma eterna e sempre presente Causa, os crentes no Carma não podem ser considerados ateus ou materialistas – muito menos fatalistas: pois o Carma é uno com o Incognoscível, do qual é um aspecto em seus efeitos no mundo fenomênico.
Então, intimamente, ou melhor, indissoluvelmente ligada ao Carma, está a lei do renascimento, ou da reencarnação da mesma individualidade espiritual em uma longa e quase interminável série de personalidades. Essas últimas são como os vários trajes e personagens interpretados pelo mesmo ator, com cada um dos quais esse ator se identifica e é identificado pelo público, pelo espaço de algumas horas. O homem interno, ou real, que personifica esses personagens, sabe o tempo todo que é Hamlet pelo breve espaço de alguns atos, que representam, porém, no plano da ilusão humana, toda a vida de Hamlet. E ele sabe que ele foi, na noite anterior, o Rei Lear, a transformação, por sua vez, do Otelo de uma noite ainda anterior; mas a personagem externa e visível é supostamente ignorante do fato. Na vida real, essa ignorância é, infelizmente, muito real. No entanto, a individualidade permanente é plenamente consciente do fato, embora, devido à atrofia do olho “espiritual” no corpo físico, esse conhecimento é incapaz de se imprimir na consciência da falsa personalidade.
O Carma e o Ego
Distinguimos entre o simples fato de ter consciência de si, o simples sentimento de que “eu sou eu” e o pensamento complexo de que “eu sou o Sr. Smith” ou “a Sra. Brown”. Acreditando, como acreditamos, em uma série de nascimentos para o mesmo Ego, ou reencarnação, essa distinção é o pivô fundamental de toda a ideia… O “Sr. Smith” significa, na verdade, uma longa série de experiências cotidianas ligadas pelo fio da memória, formando o que o Sr. Smith chama de “ele mesmo”. Mas nenhuma dessas “experiências” é realmente o “eu” ou o Ego, nem proporcionam ao “Sr. Smith” a sensação de que ele é ele mesmo, pois ele esquece a maior parte de suas experiências diárias, e elas produzem o sentimento de Egoidade nele apenas enquanto duram. Nós, teosofistas, portanto, fazemos uma distinção entre esse conjunto de “experiências”, que chamamos de falsa (porque é tão finita e evanescente) personalidade, e aquele elemento no homem ao qual se deve o sentimento de “eu sou eu”. É esse “eu sou eu” que chamamos de verdadeira individualidade; e dizemos que esse “Ego” ou individualidade representa, como um ator, muitos papéis no palco da vida.
Então, é esse Ego que é o nosso Deus? De modo algum: “Um Deus” não é a divindade universal, mas apenas uma centelha do oceano Uno de Fogo Divino. Nosso Deus dentro de nós, ou “nosso Pai em Segredo”, é o que chamamos de “Self Superior”, Atma. O nosso Ego encarnado era um Deus em sua origem, assim como todas as emanações primordiais do Princípio Uno Desconhecido. Mas desde a sua “queda na Matéria”, tendo que encarnar ao longo de todo o ciclo, em sucessão, do primeiro ao último, Ele não é mais um Deus livre e feliz, mas um pobre peregrino em sua jornada para recuperar o que perdeu. Posso responde-lhe mais plenamente repetindo o que se diz sobre o Homem Interno em “Isis Unveiled” (Vol. II. 593):-
“Desde a mais remota antiguidade, a humanidade como um todo sempre esteve convencida da existência de uma entidade espiritual pessoal dentro do homem físico pessoal. Essa entidade interna era mais ou menos divina, de acordo com a sua proximidade com a coroa [Chrestos]. Quanto mais próxima for a união, mais sereno será o destino do homem e menos perigosas serão as condições externas. Essa crença não é fanatismo nem superstição, apenas um sentimento sempre presente e instintivo da proximidade de outro mundo espiritual e invisível que, embora seja subjetivo aos sentidos do homem externo, é perfeitamente objetivo para o ego interno. Além disso, eles acreditavam que existem condições externas e internas que afetam a determinação de nossa vontade sobre nossas ações. Eles rejeitavam o fatalismo, pois o fatalismo implica em um curso cego de algum poder ainda mais cego. Mas acreditavam no destino ou Carma, que, desde o nascimento até a morte, todo homem está tecendo fio a fio em torno de si mesmo, como uma aranha faz sua teia de aranha; e esse destino é guiado por aquela presença denominada por alguns de anjo da guarda, ou nosso homem astral interno mais íntimo, que é, com demasiada frequência, o gênio mau do homem de carne ou personalidade. Ambos conduzem o Homem, mas um deles deve prevalecer; e desde o princípio da briga tangível, a lei severa e implacável de compensação e retribuição entra em ação e segue seu curso, seguindo fielmente a flutuação do conflito. Quando o último fio é trançado e o ser humano está aparentemente envolto na rede de sua própria autoria, então ele se encontra completamente sob o império desse destino criado por ele mesmo. Isso o fixa então como a concha inerte contra a rocha imóvel ou, como uma pluma, o leva embora em um redemoinho criado por suas próprias ações.
Tal é o destino do Homem – o verdadeiro Ego, não o Autômato, a concha que leva esse nome. Agora, alguns de nossos teosofistas adquiriram o hábito de usar as palavras “Self” e “Ego” como sinônimos, … ao passo que esse termo [“Self”] nunca deve ser empregado, a não ser ao Self Uno universal. Esse “Self Superior” (Atma)… nunca pode ser “objetivo” em nenhuma circunstância, nem mesmo para a mais elevada percepção espiritual. Porque Atman ou o “Self Superior” é realmente Brahma, o Absoluto, e indistinguível dele…. Pois até Buddhi, a “Alma Espiritual”, não é o Self, mas apenas o veículo do Self. Todos os outros “Self” – tais como o Self “individual” e o Self “pessoal” – nunca devem ser citados ou escritos sem seus adjetivos qualificativos e característicos.
Para evitar, de agora em diante, tais equívocos, –
O Self Superior é:
Atma, o raio inseparável do Self Universal e Uno. É o Deus acima de nós mais do que dentro de nós. Feliz o homem que consegue saturar o seu Ego interno com Ele!
O divino Ego espiritual é:
a Alma Espiritual ou Buddhi, em estreita união com Manas, o princípio da mente, sem o qual não é Ego algum, mas apenas o Veículo atmico.
O Ego Interno, ou “Ego Superior” é:
Manas, o “Quinto” Princípio, assim chamado, independentemente de Buddhi. O Princípio da Mente é apenas o Ego Espiritual, quando fundido em um só com Buddhi – não se supõe que algum materialista tenha tal Ego em si, por maiores que sejam suas capacidades intelectuais. Ele é a Individualidade permanente ou o “Ego reencarnante”.
O “Ego” inferior, ou pessoal é:
O homem físico em conjunto com o seu self inferior, ou seja, instintos animais, paixões, desejos etc. É chamado de “falsa personalidade” e consiste em Manas inferior combinado com Kama-Rupa, e opera através do corpo físico e de seu fantasma ou “duplo”.
O “Princípio” remanescente “Prana”, ou “Vida”, é, a rigor, a força radiante ou Energia de Atma – como a Vida Universal e o Eu Uno, – Seu aspecto menor ou melhor, (quanto a seus efeitos) mais físico, porque se manifesta. Prana ou Vida permeia todo o ser do Universo objetivo; e é chamado de “princípio” somente porque é um fator indispensável e o “deus ex machina” do homem vivo.
É esse Ego que – tendo encarnado originalmente na forma humana sem os sentidos, animada pela presença em si da Mônada dual, porém inconsciente (já que não tinha consciência – fez dessa forma humanoide um homem verdadeiro. É esse Ego, esse “Corpo Causal”, que ofusca cada personalidade que Carma o obriga a encarnar; e é esse Ego que é considerado responsável por todos os pecados cometidos através de e em cada novo corpo ou personalidade – as máscaras evanescentes que escondem o verdadeiro indivíduo durante a longa série de renascimentos.
Por que esse Ego deveria receber punição como resultado de atos que ele esqueceu? Ele não os esqueceu; ele conhece e se lembra de seus erros tão bem quanto você se lembra do que você fez ontem. Será que é porque a memória desse conjunto de compostos físicos chamado “corpo” não se lembra do que seu predecessor (a personalidade que existia) fez, que [nós] imaginamos que o verdadeiro Ego os tenha esquecido? Assim como dizer que é injusto que as botas novas nos pés de um menino, que é açoitado por roubar maçãs, sejam castigadas por aquilo sobre o que nada sabem.
Por reencarnação entende-se que esse Ego será dotado de um novo corpo, um novo cérebro e uma nova memória. Portanto, seria tão absurdo esperar que essa memória se lembre daquilo que nunca registrou, assim como seria inútil examinar ao microscópio uma camisa que nunca foi usada por um assassino e procurar nela as manchas de sangue que só podem ser encontradas nas roupas que ele usou.
O Ego Após a Morte
Mas se [o Ego] for punido nesta vida pelos erros cometidos na vida anterior, então ele… também deve ser recompensado, seja aqui ou quando desencarnado. E assim é… Os crimes e pecados cometidos em um plano de objetividade e em um mundo de matéria não podem receber punição em um mundo de pura subjetividade. Não acreditamos em nenhum inferno ou paraíso como localidades; em nenhum fogo do inferno objetivo e vermes que nunca morrem, nem em nenhuma Jerusalém com ruas pavimentadas com safiras e diamantes. O que acreditamos é em um estado ou condição mental pós-morte, como aquela em que nos encontramos durante um sonho vívido.
A mesma Lei infalivelmente sábia e justa, em vez de misericordiosa, que inflige ao Ego encarnado o castigo cármico por cada pecado cometido durante a vida anterior na Terra, proporciona à Entidade desencarnada um longo descanso mental, ou seja, o esquecimento completo de cada acontecimento triste, sim, até o menor pensamento doloroso, que ocorreu em sua última vida como personalidade, deixando na memória da Alma apenas a reminiscência daquilo que foi bem-aventurança ou que levou à felicidade. Durante cada período devachânico, o Ego, onisciente como é per se, veste-se, por assim dizer, com o reflexo da “personalidade” que era … A eflorescência ideal de todas as qualidades ou atributos abstratos e, portanto, imortais e eternos, como o amor e a misericórdia, o amor ao bem, ao verdadeiro e ao belo, que sempre falaram ao coração da “personalidade” viva, agarraram-se ao Ego após a morte e, por isso, seguiram-no até o Devachan. Por enquanto, então, o Ego se torna o reflexo ideal do ser humano que era quando esteve na Terra da última vez… Para o mortal comum, sua bem-aventurança é completa. É o esquecimento absoluto de tudo o que lhe causou dor ou tristeza na encarnação passada, e até mesmo o esquecimento do fato de que coisas como dor e tristeza existem. O devachanee vive seu ciclo intermediário entre duas encarnações cercado por tudo aquilo a que aspirou em vão e na companhia de todos que amou na Terra. Ele alcançou a realização de todos os seus anseios de Alma. E, assim, vive por longos séculos uma existência de pura felicidade, que é a recompensa por seus sofrimentos na vida terrena.
Assim, a morte chega aos nossos Selfs espirituais sempre como uma libertadora e amiga… O homem pessoal também não deve permanentemente continuar sofrendo cegamente as penalidades cármicas em que o Ego incorreu. No momento solene da morte, todo homem, mesmo quando a morte é súbita, vê toda a sua vida se postando diante de si, em seus mínimos detalhes. Por um breve instante, o pessoal se torna um com o Ego individual e onisciente. Mas esse instante é suficiente para mostrar-lhe toda a cadeia de causas que estiveram em ação durante a sua vida. Ela se vê e agora se compreende como ela é, sem artifícios ou autoenganos. Ela lê sua vida, permanecendo como uma espectadora olhando para a arena da qual está saindo; ela percebe e entende a justiça de todo o sofrimento que a assolou … a lei do Carma em toda a sua majestade e justiça.
Condizente com isso… no momento em que renasce na Terra, o Ego, despertando do estado de Devachan, tem uma visão prospectiva da vida que o espera e percebe todas as causas que o levaram a ela. Ele as percebe e vê o futuro, porque é entre Devachan e o renascimento que o Ego recupera sua plena consciência manásica e se torna novamente, por um curto período, o deus que ele era antes de, – em conformidade com a lei cármica – ter descido à matéria e encarnado no primeiro homem de carne. O “fio de ouro” vê todas as suas “pérolas” e não perde nenhuma delas.
O Carma e os Skandhas
Depois de conceder à Alma, que escapou dos sofrimentos da vida pessoal, uma compensação suficiente, cem vezes maior, o Carma, com seu exército de Skandhas, espera no limiar do Devachan, de onde o Ego ressurge para assumir uma nova encarnação. É neste momento que o destino futuro do Ego, agora descansado, treme na balança da equitativa retribuição, porque agora cai novamente sob o domínio da lei cármica ativa. É nesse renascimento que está pronto para ele, um renascimento selecionado e preparado por essa lei misteriosa, inexorável, mas infalível na equidade e sabedoria de suas determinações, que os pecados da vida anterior do Ego são punidos. Só que não é em nenhum inferno imaginário, com chamas teatrais e ridículos demônios com caudas e chifres, que o Ego é lançado, mas, de fato, sobre esta Terra, o plano e a região de seus pecados, onde terá que expiar cada pensamento e e ato maus. Assim como semeou, ele também colherá. A reencarnação reunirá ao redor dele todos aqueles outros Egos que sofreram, direta ou indiretamente, nas mãos, ou mesmo através de um instrumento inconsciente, da personalidade passada. Eles serão lançados por Nêmesis no caminho do novo homem, ocultando o antigo, o Ego eterno, … ao qual se liga apenas o reflexo dos Skandhas, ou atributos, de cada encarnação. Há cinco Skandhas ou atributos nos ensinamentos budistas: “Rupa (forma ou corpo), qualidades materiais; Vedana, sensação; Sanna, ideias abstratas; Samkhara, tendências da mente; Vinnana, poderes mentais. Somos formados deles; por meio deles temos consciência da existência; e através deles nos comunicamos com o mundo ao nosso redor”.
Aqui está um parágrafo do “Catecismo Budista” de H. S. Olcott que se refere diretamente ao assunto. Ele trata da questão da seguinte forma: “O idoso se lembra dos incidentes de sua juventude, apesar de estar física e mentalmente mudado. Por que, então, a recordação de vidas passadas não é trazida por nós de nosso último nascimento para o nascimento atual? Porque a memória está incluída nos Skandhas e, tendo os Skandhas mudado com a nova existência, desenvolve-se uma memória, o registro daquela existência específica. No entanto, o registro ou reflexo de todas as vidas passadas deve sobreviver, pois quando o Príncipe Sidarta se tornou Buda, a sequência completa de Seus nascimentos anteriores foi vista por Ele … e qualquer um que atinja o estado de Jhana pode, assim, traçar retrospectivamente a linha de suas vidas”. Isso prova a você que enquanto as qualidades imortais da personalidade – tais como amor, bondade, caridade, etc. – se prendem ao Ego imortal, fotografando nele, por assim dizer, uma imagem permanente do aspecto divino do homem que foi, seus Skandhas materiais (aqueles que geram os efeitos cármicos mais marcantes) são tão evanescentes quanto um relâmpago e não podem impressionar o novo cérebro da nova personalidade. Eles são destruídos assim como o estoque ativo na mão da personalidade; eles permanecem como efeitos cármicos, como germes, pendurados na atmosfera do plano terrestre, prontos para ganhar vida, como tantos demônios vingadores, para se prenderem à nova personalidade do Ego quando ele reencarna. Assim, a personalidade com seus Skandhas está sempre mudando a cada novo nascimento. Como já foi dito, é apenas o papel desempenhado pelo ator (o verdadeiro Ego) por uma noite. É por isso que não preservamos nenhuma memória no plano físico de nossas vidas passadas, embora o verdadeiro “Ego” as tenha vivido e conheça todas elas.
Lei da Retribuição
O que regula a duração ou as qualidades específicas dessas encarnações? O Carma, a lei universal da justiça retributiva … em seus efeitos, um infalível reparador da injustiça humana e de todas as falhas da natureza; um severo ajustador dos erros; uma lei retributiva que recompensa e pune com igual imparcialidade. Em sentido mais estrito, ela “não faz distinção de pessoas” embora, por outro lado, ela não possa ser propiciada nem desviada pela oração. Essa é uma crença comum aos hindus e budistas … para os quais o Carma e a reencarnação são realidades robustas, simplesmente porque suas mentes nunca foram limitadas e distorcidas mediante serem forçadas a um padrão não natural. Eles nunca tiveram o senso humano inato de justiça pervertido neles mediante serem obrigados a acreditar que seus pecados seriam perdoados porque um outro homem havia sido morto para o bem deles. E os budistas, note bem, vivem de acordo com suas crenças sem um murmúrio contra o Carma ou contra o que eles consideram uma punição justa.
Os cristãos acreditam no perdão e na remissão de todos os pecados. Eles recebem a promessa que, se tão somente acreditarem no sangue de Cristo (uma vítima inocente!), no sangue oferecido por Ele para a expiação dos pecados de toda a humanidade, ele expiará todo pecado mortal. E não cremos nem em expiação vicária, nem na possibilidade da remissão do menor pecado por qualquer deus, nem mesmo por um “Absoluto pessoal” ou “Infinito”, se é que tal coisa poderia existir. O que nós acreditamos é em uma justiça rigorosa e imparcial. Nossa ideia da Deidade Universal desconhecida, representada pelo Carma, é que se trata de um Poder que não pode falhar e que, portanto, não manifesta nem ira nem misericórdia, apenas Equidade absoluta, que deixa toda causa, grande ou pequena, surtir seus efeitos inevitáveis. O ditado de Jesus: ” a medida com que medirem será usada como medida para vocês” (Mateus vii., 2), nem por expressão nem por implicação aponta para qualquer esperança de futura misericórdia ou salvação por procuração. É por isso que, reconhecendo, como o fazemos em nossa filosofia, a justiça dessa declaração, não podemos deixar de recomendar com muita ênfase a misericórdia, a caridade e o perdão das ofensas mútuas. Não resistir ao mal e retribuir o mal com o bem, são preceitos budistas e foram pregados pela primeira vez em vista da implacabilidade da lei cármica. A lei humana pode usar medidas restritivas e não punitivas; mas um homem que, acreditando no Carma, ainda assim se vinga e se recusa a perdoar toda injúria, trocando assim o bem pelo mal, é um criminoso e só prejudica a si mesmo. Como o Carma certamente punirá a pessoa que o injustiçou, ao procurar infligir uma punição adicional a seu inimigo, aquele que, em vez de deixar essa punição para a grande Lei, acrescenta a ela sua própria pitada, apenas gera, dessa forma, uma causa para a recompensa futura de seu próprio inimigo e uma punição futura para si próprio. O Regulador infalível afeta, em cada encarnação, a qualidade de seu sucessor; e a somatória do mérito ou do demérito das encarnações anteriores a determina.
Devemos então inferir o passado de um homem a partir de seu presente? …somente até o ponto de acreditar que sua vida presente é o que deveria ser, para expiar os pecados da vida passada. É claro que – excetuando os grandes videntes e Adeptos – não podemos, como mortais comuns, saber quais foram esses pecados. Pela nossa escassez de dados, é impossível para nós até mesmo determinar como deve ter sido a juventude de um homem idoso; tampouco podemos, por razões semelhantes, tirar conclusões definitivas apenas a partir do que vemos na vida de algum homem, sobre como pode ter sido sua vida passada.
O Carma distributivo
O Carma não pode ser definido de forma tão rigorosa em termos de efeitos a ponto de mostrar que cada ambiente individual e as condições específicas de vida em que cada pessoa se encontra, nada mais são do que o Carma retributivo que o indivíduo gerou em uma vida anterior. Não devemos perder de vista o fato de que cada átomo está sujeito à lei geral que rege todo o corpo ao qual pertence, e aqui nos deparamos com o caminho mais amplo da lei cármica… O agregado do Carma individual se torna o da nação à qual esses indivíduos pertencem e, além disso, a soma total do Carma Nacional é a do Mundo. Os males … não são peculiares ao indivíduo ou mesmo à nação, eles são mais ou menos universais; e é sobre essa ampla linha de interdependência humana que a lei do Carma encontra sua legítima e equânime questão.
É impossível que o Carma possa reajustar o equilíbrio de poder na vida e no progresso do mundo, a menos que tivesse uma linha de ação ampla e geral. É considerado como uma verdade entre os teosofistas que a interdependência da humanidade é a causa do que é chamado de Carma Distributivo, e é essa lei que oferece a solução para a grande questão do sofrimento coletivo e seu alívio. Além disso, é uma lei oculta que nenhum homem pode se elevar acima de suas falhas individuais sem elevar, por menor que seja, todo o corpo do qual ele é parte integrante. Do mesmo modo, ninguém pode pecar, nem sofrer os efeitos do pecado, sozinho. Na realidade, não existe algo como a “separação” e a abordagem mais próxima a esse estado egoísta, que as leis da vida permitem, está na intenção ou motivo. Quando cada indivíduo tiver contribuído para o bem geral com o que puder de dinheiro, trabalho e pensamentos enobrecedores, então, e só então, será atingido o equilíbrio do Carma Nacional.
O indivíduo não pode se separar da Raça, nem a Raça do indivíduo. A lei do Carma se aplica igualmente a todos, embora nem todos sejam igualmente desenvolvidos. Ao ajudar no desenvolvimento dos outros, o teosofista acredita que não está apenas ajudando-os a cumprir o Carma deles, mas que também está, no sentido mais estrito, cumprindo o seu próprio Carma. É o desenvolvimento da humanidade, da qual tanto ele quanto e os outros são partes integrantes, que ele tem sempre em vista, e ele sabe que qualquer falha de sua parte em responder ao mais elevado Carma dentro de si retarda não só a si mesmo, mas a todos em suas marchas progressivas. Por meio de suas ações, ele pode tornar mais difícil ou mais fácil para a humanidade alcançar o próximo plano superior de existência.
E agora eu os aconselho a comparar nossas visões teosóficas sobre o Carma, a lei da retribuição, e dizer se ambas elas não são mais filosóficas e justas do que esse dogma cruel e idiota que faz de “Deus” um demônio sem sentido; a saber, o princípio de que apenas os “eleitos” serão salvos, e os demais condenados à perdição eterna!
Nossas vidas e circunstâncias atuais são o resultado direto dos nossos próprios atos e pensamentos em vidas passadas… Se nossas vidas atuais dependem do desenvolvimento de certos princípios que são um crescimento dos germes deixados por uma existência anterior, a lei é válida no que diz respeito ao futuro. Uma vez apreendida a ideia de que a causa universal não é meramente o presente, mas passado, presente e futuro, e que toda ação em nosso plano atual cai natural e facilmente em seu devido lugar e é vista em sua verdadeira relação conosco e com os outros. Toda ação malvada e egoísta nos faz retroceder e não avançar, enquanto todo pensamento nobre e toda ação altruísta são etapas para os planos elevados e mais gloriosos do ser. Se esta vida fosse tudo, então, em muitos aspectos, ela seria realmente pobre e mesquinha; mas, considerada como uma preparação para a próxima esfera de existência, ela pode ser usada como o portão dourado pelo qual podemos passar, não egoisticamente e sozinhos, mas em companhia dos nossos semelhantes, para os palácios que estão além.
Uma vez que você tenha assimilado todos os detalhes, você verá que, pela lógica, consistência, filosofia profunda, misericórdia divina e equidade, essa doutrina da reencarnação não tem igual na Terra. Ela é uma crença em um progresso perpétuo para cada Ego encarnado, ou Alma divina, em uma evolução do exterior para o interior, do material para o Espiritual, chegando ao fim de cada etapa à unidade absoluta com o Princípio divino. De força em força, da beleza e perfeição de um plano para a maior beleza e perfeição de outro, com acréscimos de nova glória, de novo conhecimento e poder em cada ciclo, esse é o destino de todo Ego, que assim se torna seu próprio Salvador em cada mundo e encarnação. Em outras palavras, ele só pode retornar ao estado original de homogeneidade da essência primordial por meio da adição do fruto do Carma, somente o qual é capaz de criar uma divindade consciente absoluta, distante apenas um grau do Todo absoluto.
REFERÊNCIAS POR PÁGINA
Página 1 “A Chave para a Teosofia”, 201; “A Doutrina Secreta” I, 637-8
Páginas 2-3 “A Doutrina Secreta” I, 641-3
Página 4 “A Chave para a Teosofia”, 205-6; “A Doutrina Secreta” I, 643-4
Páginas 5-7 “A Doutrina Secreta” II, 302-6
Páginas 7-15 “A Chave para a Teosofia”, 154-5; H.P.B. Artigos I, 130 , 138, 140-1, 147-8, 154, 161-3, 198-203, 205, 215, 236-7, 246
Página 16 “A Chave para a Teosofia”, 154-5; H.P.B. Artigos I, 130