Os sete Yugas-Blavatskytheosophy
É bem conhecido que o hinduísmo ensina a existência de quatro Yugas ou eras que, juntos, constituem o Maha-Yuga ou “Grande Era” que em si mesma, é apenas uma parte extremamente minúscula e fugaz de todo o Maha-Kalpa, o ciclo de vida do Universo manifestado.
Os nomes e as durações atribuídos aos Yugas são os seguintes:
1º – Satya Yuga (também chamada Krita Yuga) – Idade de Ouro – 1.728.000 anos
2ª – Treta Yuga – Idade da Prata – 1.296.000 anos
3ª – Dvapara Yuga – Idade do Bronze – 864.000 anos
4º – Kali Yuga – Idade do Ferro – 432.000 anos
Total: 4.320.000 anos (O Maha-Yuga)
Segundo a tradição hindu, estamos atualmente no Kali Yuga, que se diz ter começado há cerca de 5.000 anos com a morte de Krishna, o grande Mestre e Reformador divino que é a figura central do “Bhagavad Gita” e para o qual há evidências de que ele realmente viveu na Terra.
Nos ensinamentos da Teosofia, H.P. Blavatsky nos informa em “A Doutrina Secreta” que “o ano do Kali Yuga teria começado entre os dias 17 e 18 de fevereiro do ano 3102 a.C.”. (Vol. 2, pág. 435) e esclarece que, de fato, “o instante do início do Kali-Yuga” foi 2h. 27m. 30s. da manhã de 16 de fevereiro” daquele ano, 5.124 anos atrás, com base em 2022. (Vol.1, pág. 662).
É fácil perceber que há ainda 426.884 anos restantes de Kali Yuga, um período de tempo quase inimaginavelmente longo!
Mas até que ponto devemos levar estes números de forma literal? Em seu artigo intitulado “Ciclos“, William Quan Judge mostra o código numérico oculto presente nos números da cronologia dos Yugas.
Diz-se que o Satya Yuga tem uma duração de 1.728.000 anos. Some 1+7+2+8 e o resultado é 18.
Diz-se que o Treta Yuga tem uma duração de 1.296.000 anos. Some 1+2+9+6 e o resultado é 18.
Diz-se que o Dvapara Yuga tem uma duração de 864.000 anos. Some 8+6+4 e o resultado é 18.
Diz-se que o Kali Yuga tem uma duração de 432.000 anos. Some 4+3+2 e o resultado é 9.
Some 18+18+18+9 e o resultado é 63. Some esses dois números, 6 e 3, e o resultado é 9. Multiplique 6 por 3 e o resultado é 18. Some 1 e 8 e o resultado é 9. Isto, sem dúvida, tem grande significado, mas seu significado real não foi revelado, nem pelo Sr. Judge, nem por HPB, nem por nenhum dos Mestres.
Em seu importante livro “O Oceano da Teosofia” (pág. 126) o Sr. Judge escreve que, “estamos atualmente num ciclo de transição em que, conforme se espera que um período de transição indique, tudo na filosofia, na religião e na sociedade está mudando. Em um período de transição, a totalidade e integralidade dos números e das regras com relação aos ciclos não são divulgadas para uma geração que coloca o dinheiro acima de todas as coisas e zomba da visão espiritual do ser humano e da Natureza”.
Embora os números acima, das cronologias do hinduísmo exotérico, sejam geralmente usados e mencionados nos ensinamentos teosóficos, HPB afirma o seguinte em “A Doutrina Secreta” Vol. 2, pág. 67:
“Os cálculos como são fornecidos em Manu e nos Puranas [observação: estes antigos textos hindus são a principal fonte para os números das durações dos Yugas, Manvantaras, Pralayas, Kalpas, etc.] salvo exageros insignificantes e intencionais são, conforme já mencionado, quase idênticos aos ensinados na filosofia esotérica.”
Assim, nesses números há de fato alguns “exageros”, disse ela – por algum motivo, possivelmente como um meio de velar e ocultar os verdadeiros números – “exageros intencionais” mas, no geral, os números são “quase idênticos” àqueles aceitos pela Gupta Vidya ou Doutrina Secreta ou Filosofia Esotérica da Irmandade dos Mestres de Sabedoria. O fato de serem quase idênticos e, portanto, não idênticos, é um bom motivo para que os teosofistas não se concentrem ou apresentem esses números como se fossem fatos textuais, inquestionáveis, integralmente precisos e absolutos, o que, infelizmente, tem sido a abordagem em muitos casos. Mas como os verdadeiros números cifras não são fornecidos ao público, parece que os números exotéricos hindus são considerados pelos Mestres como “suficientemente aproximados” para serem usados, desde que se lembre que eles não são reais e literais. Conforme veremos logo a seguir, HPB disse que os números dados para os Yugas são apenas “durações aproximadas”.
No entanto, em “Isis Unveiled”, Vol. 1, pág. 587, ao falar dos Yugas, HPB reconhece prontamente o que ela chama de “os enormes exageros da cronologia hindu”. Não apenas exageros “insignificantes”, mas “enormes”. Isso talvez deixe a situação ainda menos clara.
Temos também este enunciado de “A Doutrina Secreta“:
“Tinha sido declarado desde o início e tem sido repetidamente afirmado desde então que nenhum teosofista, nem mesmo como um chela aceito – muito menos estudantes leigos – poderia esperar ter os ensinamentos secretos explicados a ele minuciosa e completamente, antes que ele tivesse se comprometido irremediavelmente com a Irmandade e passado por pelo menos uma iniciação, porque nenhum número ou cifra poderia ser dado ao público, pois números e cifras são a chave para o sistema esotérico”. (Vol. 1, pág. 164)
“Os números pertencentes aos cálculos ocultos não podem ser dados – como os Mestres declararam muitas vezes – fora do círculo de chelas sob juramento, e nem mesmo estes podem quebrar as regras”. (Vol. 1, pág. 170)
“Não nos são dados os números do Grande Kalpa e não nos é permitido publicar os de nossos pequenos Yugas, exceto no que diz respeito à duração aproximada dos mesmos”. (Vol. 1, pág. 206)
“Não nos são ensinados números que são e permanecerão em segredo com os Mestres da Ciência Oculta, como corretamente declarado em “Budismo Esotérico“”. (Vol. 2, pág. 251).
Também é importante lembrar que, assim como os esoteristas antigos às vezes usavam “véus” para ocultar, velar ou mascarar os verdadeiros detalhes e informações (algo frequentemente apontado por HPB), também é provável que haja numerosos “véus” usados pelos grandes esoteristas atuais no livro “A Doutrina Secreta”. Também é afirmado que até mesmo o secreto “Livro de Dzyan”, no qual “A Doutrina Secreta” se baseia, contém “véus”: no “Livro de Dzyan”, assim como na Cabala, existem dois tipos de algarismos a serem estudados – os números, muitas vezes simples véus, e os Números Sagrados, cujos valores são todos conhecidos pelos ocultistas por meio da iniciação. (“A Doutrina Secreta”, Vol.1, pág. 66).
Outra boa razão para não “cravar” categoricamente é que um artigo surpreendentemente pouco conhecido de HPB levanta o véu até certo ponto sobre o verdadeiro sistema esotérico, revelando que existem de fato sete Yugas, uma verdade que já deveria ter se revelado à intuição do estudante de Teosofia, que bem sabe que toda manifestação é de natureza setenária e que a chave de ouro para compreender os mistérios do Universo é aplicar a lei da correspondência e da analogia. Também é deixado claro em “A Doutrina Secreta” e em outros lugares que o sistema hindu como um todo (isto é, não somente acerca do assunto dos Yugas, mas em praticamente todos os assuntos) é geralmente um sistema quaternário em vez de setenário e, se bem que a abordagem quaternária possa simplificar as coisas e torná-las mais fáceis de apreender, ela não constitui a verdade completa das coisas mas sim uma condensação ou síntese da realidade setenária.
Em vez de passar pela Idade de Ouro, Idade de Prata, Idade de Bronze, Idade de Ferro (“uma idade NEGRA DE HORRORES” – “A Doutrina Secreta” Vol. 1, pág. 645) e, em seguida, iniciar o ciclo quádruplo novamente, saltando de alguma forma das profundezas mais sombrias da Idade de Ferro para uma nova Idade de Ouro, parece que o Maha-Yuga segue de fato o mesmo tipo de arco involutivo e evolutivo que as sete Rondas dos sete globos de nossa Cadeia Planetária. Há um arco gradual de descida, começando em um estado puro, elevado, mas relativamente inconsciente e ininteligente, que em algum momento atinge o ponto mais baixo ao qual pode chegar, após o qual há um arco gradual de subida, de volta à mesma escala pela qual havia descido, mas desta vez com a inestimável adição de consciência adquirida, inteligência e experiência da Alma. Isto é descrito como “o arco sombrio” e “o arco luminoso”.
Essa informação vem de um sucinto artigo de HPB publicado em janeiro de 1884 sob o título “Crescimentos prematuros e fenomenais” [em inglês]. Não se poderia esperar que um artigo com tal título contivesse uma chave tão importante, mas isso é mais uma razão pela qual – como os artigos neste site enfatizam frequentemente – devemos sempre prestar muita e diligente atenção em tudo o que HPB escreveu, pois não há uma única frase ou parágrafo sem importância ou irrelevante em todos os muitos milhares de páginas de seus escritos.
No final desse artigo, publicado hoje no primeiro volume de “H.P. Blavatsky Theosophical Articles” pela Theosophy Company para a Loja Unida de Teosofistas, ela cita o texto do que ela chama de “uma profecia em determinados livros antigos asiáticos”. Pode se verificar que seu conteúdo e estilo são exatamente do mesmo tipo dos muitos comentários esotéricos citados alguns anos mais tarde ao longo dos dois volumes de “A Doutrina Secreta“, particularmente no segundo volume, intitulado “Antropogênese”.
Colocamos em negrito a frase que mais se relaciona com este assunto:
“E como a Quarta (Raça) era composta de vermelho-amarelo que se transformou em pardo-branco (corpos), também a Quinta se transformará em branco-amarronzado (as raças brancas se tornando gradualmente mais escuras). O sexto e sétimo Manushi (homens?) nascerão adultos e não conhecerão a velhice, embora viverão muito. Assim como Krita, Treta, Dvapara e Kali (Idades) têm diminuído em preeminência (física e moral), do mesmo modo a ascendente – Dvapara, Treta e Krita – estará aumentando em todas as preeminências. Assim como a vida do homem durou 400 (anos no primeiro, ou Krita Yuga), 300 (anos em Treta), 200 (anos em Dvapara) e 100 (na atual era de Kali), na próxima (a 6ª Raça) (a idade natural do homem) será (gradualmente aumentada) 200 anos, depois 300 e 400 (nos dois últimos Yugas)”.
Isso fica claro o suficiente – há um Krita Yuga (sinônimo de Satya Yuga), um Treta Yuga, uma Dvapara Yuga, um Kali Yuga e, em seguida, outro Dvapara Yuga, outro Treta Yuga e outro Krita Yuga, que encerra o ciclo setenário. Isso foi ilustrado no diagrama no início deste artigo.
Uma coisa curiosa acerca da citação acima é que ela equipara a Sexta Raça Raiz com o Dvapara Yuga ascendente ou Idade do Bronze. Isso é curioso, visto que “A Doutrina Secreta” afirma em várias passagens que o Kali Yuga não chegará ao fim até o final da Sexta Raça Raiz, o que quer dizer que o próximo Yuga não começaria antes do início da Sétima Raça.
Será, portanto, que realmente o Kali Yuga terminará antes do fim da nossa Quinta Raça Raiz?
Assim acreditava Raghavan Yyer. Em seu artigo “Involution” (publicado pela primeira vez na edição de dezembro 1982 da revista “Hermes”, pela Loja de Santa Barbara da ULT), ele afirma: “ … o atual Kali Yuga. Este Yuga … de fato terminará antes do término da atual Quinta Raça Raiz, e será seguido por uma ascensão através dos Yugas em direção ao Satya Yuga”. Devido ao fato de o artigo “Premature and Phenomenal Growths” de HPB ser tão pouco conhecido, essa afirmação provavelmente seria considerada por muitos como “não-teosófica”, quando na realidade ela está totalmente alinhada com a profecia esotérica ali traduzida por HPB. Yyer – aparentemente o único escritor teosófico a ter percebido ou, pelo menos, comentado acerca da doutrina dos sete Yugas – prossegue: “os quatro Yugas podem ser entendidos em termos de uma descida da era de Ouro até a mais decadente, seguida de um retorno a uma era de Ouro que representa um avanço espiritual em espiral em relação ao ponto de partida do ciclo”.
Curiosamente, o evento conhecido como a “vinda de Maitreya” ou a “vinda do Avatar Kalki” e do qual HPB sempre menciona como sendo previsto para o final do Kali Yuga e sua coincidência com o término da Sexta Raça Raiz e o início da Sétima, é apontado em o “Theosophical Glossary” no verbete “Maitreya Buddha” como sendo previsto “durante a Sétima (sub-) Raça” em vez da Sétima Raça Raiz. Não se sabe por que “sub” está entre parênteses e porque esta menção não foi elaborada por ela; muito provavelmente é porque nada mais do que isso pode ser revelado no momento, mas esperamos que isso nos faça entender que muitas coisas podem não ser tão “simples assim” como gostaríamos que fossem, daí a importância de nos precavermos contra afirmações dogmáticas. Em resumo, nós, como estudantes de Teosofia, devemos tomar o cuidado de não fazer declarações conclusivas, categóricas e autoritárias acerca de assuntos como esses, sobre os quais nenhum de nós, ou quase nenhum de nós, pode afirmar que SABE verdadeira e diretamente alguma coisa. Esse verbete no “Theosophical Glossary” poderia, no entanto, ser uma evidência adicional de que o Kali Yuga vai de fato chegar ao fim próximo a ou durante a sétima Sub Raça desta atual Quinta Raça Raiz.
Sobre como os Yugas (sejam eles em número de quatro ou sete) se relacionam ou correspondem às sete Raças Raiz, quase nada é divulgado na literatura teosófica, com talvez a mais notável exceção sendo a inferência em “A Doutrina Secreta”, Vol. 2, pág. 147, de que o Dvapara Yuga ou era de Bronze (que precedeu o nosso Kali Yuga) começou por volta do início da nossa Quinta Raça Raiz. Todos nós certamente admitiremos que, mesmo que tivéssemos recebido mais informações sobre esses pontos, não saberíamos o que fazer com elas.
Embora não possamos dizer com certeza quanto tempo exatamente durará de fato o Kali Yuga ou qualquer outro Yuga, nem em que momento exato das Raças ele terminará, uma coisa que fica muito clara e definida em toda a literatura teosófica é que o encerramento do primeiro ciclo de 5.000 anos do Kali Yuga seria um evento extremamente sério, importante e significativo na evolução da humanidade. Há muitas referências a esse fato em muitos lugares. Em “Cartas que me ajudaram” (pág. 97), o Sr. Judge escreve: “O presente ciclo, que se encerra em 17 de novembro de 1897 – 18 de fevereiro de 1898, é um dos mais importantes de todos os que já existiram”.
A maioria das declarações teosóficas a esse respeito deixa claro que são apenas os primeiros 5.000 anos do Kali Yuga que chegaram ao fim, e não o próprio Kali Yuga. H.P Blavatsky geralmente formulava muito precisamente suas declarações acerca deste assunto, mas em dois lugares ela apresenta a questão como se fosse o Kali Yuga inteiro que terminaria após seus primeiros 5.000 ano:
“Estamos muito próximos do final do ciclo de 5.000 anos do atual Kali Yuga Ariano” (“A Doutrina Secreta”, Vol.2, pág. 612).
“Há vários ciclos notáveis que se encerram no final deste século [isto é, no fim do século dezenove]. Primeiro, os 5.000 anos do ciclo de Kali Yuga; novamente a [era de Peixes] … durando aproximadamente 2.155 anos solares … [o Sol ingressa, em alguns anos, no signo de Aquário …] (“O Caráter esotérico dos Evangelhos”[em inglês]).
A maioria diria que, à luz do restante de suas afirmações, é óbvio que ela intencionava dizer aqui “o primeiro ciclo de 5.000 anos” e “os primeiros 5.000 anos do ciclo de Kali Yuga.” Mas alguns outros frisam que ela certamente teria dito isso se fosse o que ela quisesse dizer, mas que isso pode, de fato, ser uma sutil alusão – sutil por não ser permitido declarar ou revelar abertamente toda a verdade acerca do assunto naquela época – de que o Kali Yuga em sua totalidade estaria então terminando. Apesar de ser bom ter a mente aberta e não ser dogmático, ainda temos que ponderar as coisas na balança ou escala de probabilidades. Considere todas as palavras de HPB sobre esse ponto como um todo e a sugestão nas duas citações acima de que todo o Kali Yuga duraria apenas 5.000 anos é superada em muito por aquelas que claramente especificam que se entende apenas os primeiros 5.000 anos. Veja, por exemplo:
“O livro antigo [isto é, aparentemente referindo-se ao “Livro Secreto de Dzyan [em inglês] ”], tendo descrito a evolução cósmica e explicado a origem de tudo na Terra, incluindo o homem físico, depois de ter dado a verdadeira história das Raças, desde a Primeira até a Quinta (nossa) Raça, não vai além. Ele se encerra abruptamente no início do Kali Yuga, há apenas 4.989 anos, com a morte de Krishna, o glorioso “Deus-Sol”, o herói e reformador outrora vivo. Mas existe um outro livro. Nenhum de seus possuidores o considera muito antigo, já que ele surgiu e é tão antigo quanto a era Negra, ou seja, aproximadamente 5.000 anos. Daqui a quase 9 anos [isto é, 1.897, já que ela escreveu estas palavras em 1.888], o primeiro ciclo dos primeiros cinco milênios, que começou com o grande ciclo do Kali Yuga, terminará. E então (ou seja, por volta de 1897] a última profecia contida nesse livro (o primeiro volume do registro profético da era Negra) será cumprida. Não temos de esperar muito tempo, e muitos de nós testemunharemos o alvorecer do Novo Ciclo, ao final do qual muitas contas serão acertadas e ajustadas entre as raças. O volume II das Profecias [isto é, o Volume 2 do “Registro profético da era Negra ou Kali Yuga] está quase pronto, que estava sendo preparado desde a época do grande sucessor de Buda, Shankaracharya [isto é, há aproximadamente 2.500 anos, segundo o esoterismo [em inglês] ].” “A Doutrina Secreta”, Vol. 1, Introdução, págs. xliii-xliv).
Próximo ao fim de sua vida, HPB escreveu: “Será que a “última era” – a Era de Ferro, ou Kali Yuga – terminou desde então? Bem ao contrário, já que se mostra estar em plena atividade agora, não somente porque os hindus usam o nome, mas por experiência pessoal universal … Será que esta nossa era é a prometida “Era de Ouro”, na qual nem o veneno da serpente nem o de qualquer planta é mais letal, e na qual estamos todos seguros sob o domínio suave de soberanos escolhidos por Deus? A fantasia mais extravagante de um consumidor de ópio dificilmente poderia sugerir uma descrição mais inadequada, caso tivesse de ser aplicada a nossa época ou a qualquer época desde o ano um de nossa era.”
Na pág. 377 do primeiro volume de “A Doutrina Secreta“, HPB comenta que “É curioso ver como foi profético, em quase todas as coisas, o escritor de “Vishnu Purana” ao pressagiar a Maitreya algumas das influências obscuras e pecados deste Kali Yuga“. Em seguida, ela cita essa antiga escritura hindu conhecida como “Vishnu Purana”, que, ao descrever o desenvolvimento do Kali Yuga, diz, entre muitas outras coisas:
“A riqueza e a piedade diminuirão até que o mundo seja totalmente depravado”. Somente a propriedade conferirá posição; a riqueza será a única fonte de devoção; a paixão será o único vínculo de união entre os sexos; a falsidade será o único meio de sucesso em litígios e as mulheres serão meramente objetos de gratificação sensual. … A aparência externa será a única distinção entre as várias ordens da vida; ….. caso rico, um homem será considerado puro; a desonestidade (anyaya) será o meio universal de subsistência; a fraqueza a causa da dependência, a ameaça e a presunção serão as substitutas do aprendizado; a liberalidade será a devoção; o consentimento mútuo, o casamento; as roupas finas, a dignidade. Aquele que for mais forte reinará; o povo, incapaz de aguentar o pesado fardo, Khara bhara (a carga de impostos), se refugiará entre os vales. … Assim, na Era de Kali, a decadência continuará constantemente, até que a Raça humana se aproxime de sua aniquilação (Pralaya). … Quando o fim da Era de Kali estiver próximo, uma porção desse Ser Divino que existe, de sua própria natureza espiritual … descerá sobre a Terra … (Kalki Avatar) dotado das oito faculdades sobre-humanas. … Ele restabelecerá a retidão na Terra, e as mentes daqueles que viverem no fim do Kali Yuga serão despertadas e se tornarão tão translúcidas quanto o cristal”.
No primeiro dos dois livretos intitulados “Conversas sobre ocultismo“, o Sr. Judge apresenta uma conversa entre ele mesmo (como “Estudante”) e HPB (como “Sábio”) sob o título “O Kali Yuga – A era atual”. Nela, o Sábio diz: “Há uma coisa peculiar ao Kali-Yuga atual que pode ser usada pelo Estudante. Todas as causas agora produzem seus efeitos muito mais rapidamente do que em qualquer outra era ou em uma era melhor. Um amante sincero da Raça pode realizar mais em três encarnações sob o reinado de Kali-Yuga do que conseguiria em um número muito maior em qualquer outra era. Assim, ao suportar todos os múltiplos problemas desta era e triunfar de forma constante, o objetivo de seus esforços será realizado mais rapidamente, pois, embora os obstáculos pareçam grandes, os poderes a serem invocados podem ser alcançados mais rapidamente”.
O estudante pergunta: “Mesmo que esta seja, espiritualmente considerada, uma Idade das Trevas, ela não é em parte redimida pelos crescentes triunfos da mente sobre a matéria e pelos efeitos da ciência na mitigação dos males humanos, tais como as causas das doenças, a própria doença, a crueldade, a intolerância, as leis ruins, etc.?”
A isso vem a resposta: “Sim, estas são atenuantes da escuridão, da mesma forma que uma lâmpada proporciona alguma luz durante a noite, mas não restaura a luz do dia. Nesta época, há grandes triunfos da ciência, mas quase todos eles são dirigidos a efeitos e não eliminam as causas dos males. Grandes avanços foram feitos nas artes e na cura de doenças mas, no futuro, à medida que a flor de nossa civilização se desdobrar, novas doenças surgirão e mais distúrbios estranhos serão conhecidos, originando de causas que se encontram nas profundezas da mente dos homens e que só podem ser erradicadas pela vida espiritual”.
Esse diálogo em particular termina com a pergunta: “Existem outras causas, além da difusão da Teosofia, que possam operar para reverter a atual deriva para o materialismo?
O sábio responde: “Somente a disseminação do conhecimento das Leis do Carma e da Reencarnação e da crença na unidade espiritual absoluta de todos os seres, por si só, evitará essa deriva. No entanto, o ciclo deve seguir seu curso e, até que ele termine, todas as causas benéficas agirão, necessariamente, de forma lenta e não na medida em que agiriam em uma era mais auspiciosa. À medida que cada estudante leva uma vida melhor e, por meio de seu exemplo, imprime na luz astral [em inglês] a imagem de uma aspiração mais elevada atuando no mundo, dessa forma ele ajuda Almas de desenvolvimento avançado a descer de outras esferas [em inglês] onde os ciclos são tão sombrios que Elas não podem mais permanecer ali”.
Mas a situação atual não é tão sombria quanto se poderia imaginar, porque há ciclos dentro de ciclos e – diz a Teosofia – há um grande potencial para um tipo de Era de Ouro dentro da Era Negra do Kali Yuga. Essa Era de Ouro não será o Satya Yuga mencionado no hinduísmo, mas sim algo diferente. Ela resulta do fato de que a Era de Aquário, a Nova Era de Aquário, teve início logo após o começo do século vinte, apenas alguns poucos anos após o início do segundo subciclo do Kali Yuga. Esta Era de Aquário zodiacal ou astrológica vai durar cerca de 2.160 anos. Mas esse é outro assunto e é explorado em outro artigo [em inglês].
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