Impressão cíclica e Retorno, e a nosso Evolução – W.Q.Judge
Palestra, 25 de abril de 1892, ante a convenção
Sr. Presidente, Companheiros teosofistas, Senhoras e Senhores: o assunto que estou prestes a lhes falar é Impressão cíclica e Retorno, e a nossa Evolução. Agora o que é um ciclo? Não tem nada a ver com a palavra psíquico, e lamento ter que dizer isso, porque ouvi algumas pessoas esta manhã repetir o título como sendo “psíquico” em vez de “cíclico”, parecendo achar que talvez isso fosse a mesma coisa, ou tivesse alguma relação com isso. A palavra cíclico é derivada da palavra Grega Kuklos, ou anel. Ela foi transformada na língua inglesa para a palavra ciclo, pelo processo de falar Kykle, e depois para ciclo. A palavra correspondente no Sânscrito é Kalpa, que de fato tem um significado mais amplo e profundo; porque ciclo em inglês é uma palavra que abrange, é usada para, e assim confunde, muitos ciclos. É usada para os ciclos pequenos, e os ciclos maiores, os ciclos intermediários e os grandes, enquanto a palavra Kalpa significa e implica apenas um ciclo de tamanho grande, e os ciclos menores dentro dele são designados por outras palavras.
O que é um ciclo? É um círculo, um anel. Mas não exatamente um anel como uma aliança de casamento, que retorna em si mesmo, mas mais propriamente como uma rosca de parafuso, que toma a forma de uma espiral, e assim começa por baixo, se vira sobre si mesma, e sobe. É algo como a grande Curva Horseshoe na Estrada de Ferro da Pensilvânia. Lá você contorna a curva na extremidade inferior, desce pela ferradura e sobe ao girar na curva, de modo que, quando você chega ao lado oposto, você não chegou mais longe do que o início, mas você apenas subiu a distância entre os dois níveis.
Mas o que queremos dizer com um ciclo na Teosofia, em nossas próprias investigações da natureza, ou do homem, ou da civilização, ou de nosso desenvolvimento, da nossa própria origem, do nosso próprio destino? Queremos dizer com ciclos, exatamente o que os Egípcios, os Hindus e os filósofos da Idade Média queriam dizer; isso é, que há um retorno periódico ou uma ciclagem de volta, um retorno circular de alguma coisa de algum lugar, novamente. É por isso que é chamado de ciclo, na medida em que, aparentemente, retorna sobre si mesmo; mas na doutrina teosófica, e nas doutrinas antigas, é sempre um pouco mais elevado, no sentido de aperfeiçoamento ou de progresso. Ou seja, como os Egípcios sustentavam, os ciclos vigoram em todos os lugares, as coisas voltam novamente, os eventos retornam, a história volta e, assim, neste século, temos o ditado: “a história se repete”.
Mas onde dizem os teosofistas que prevalece a lei cíclica? Dizemos que prevalece em toda parte, em todos os reinos da natureza, no reino animal, no mundo mineral, no mundo humano, na história, no céu, na Terra. Dizemos que não só os ciclos fazem parte como pertencem, e prevalecem na e para a Terra e seus habitantes, mas também no que os Hindus chamam os três reinos do universo, os três mundos; isto é, o que está abaixo de nós, nós mesmos, e o que está acima.
Agora, se você se voltar para Buckle, um grande escritor da escola inglesa, você vai achar ele dizendo em um de seus livros padrão, um grande livro frequentemente citado que sem dúvida prevalece a lei cíclica no tocante às nações, que elas voltaram aparentemente as mesmas, apenas ligeiramente melhoradas ou pioradas, pois há também um ciclo descendente incluído dentro daqueles que sobem; mas Buckle não descobriu uma lei. Ele simplesmente afirmou novamente o que os antigos disseram repetidamente. E sempre me pareceu que se Buckle e outras pessoas desse tipo prestassem um pouco mais atenção aos antigos, eles se poupariam de muitos problemas, porque ele obteve sua lei através de muito trabalho de pesquisa, muito trabalho laborioso, considerando que ele poderia ter conseguido a lei se tivesse consultado os antigos, que sempre ensinaram que havia ciclos, e que sempre haverá ciclos.
Entre os antigos, havia muitos ciclos grandes e importantes. Em sua classificação, eles tinham um Saros e um Naros, que hoje não são compreendidos por nós. Eles são conhecidos até certo ponto, mas o que exatamente eles são, nós não sabemos. Os Egípcios ensinaram que havia um grande ciclo sideral, e isso é reconhecido hoje, finalmente; esse é o ciclo de 25.000 anos, o grande, causado pelo fato que o sol passa pelos signos do Zodíaco naquele período. Agora, não presumo que vocês não saibam nada sobre astronomia, mas para que fique claro, será melhor eu repetir isso, exatamente como é. O Sol passa pelos signos do Zodíaco dia após dia e ano após ano mas, ao mesmo tempo, ao passar pelos signos do Zodíaco, ele retrocede lentamente, como os ponteiros de um relógio descontando o tempo. Ao passar por esse período, ele volta ao mesmo ponto novamente, e se atrasa, ou volta; isso é chamado de precessão dos equinócios, e são muitos segundos em tal extensão de tempo. Aqueles segundos no céu transformados em tempo mostram que o sol leva 25.000 e poucos anos para voltar ao lugar de onde ele partiu em qualquer momento em particular; isto é, se você imaginar que no primeiro de abril desse ano, o sol estava em tal grau de Áries, um dos signos do Zodíaco, ele não voltará a esse signo pela precessão dos equinócios até que 25.000 anos tenham passado.
Agora, o Sol é o centro de nosso sistema solar e a Terra gira em torno dele, e como a Terra gira sobre seu eixo, o Sol, é sabido agora pelos astrônomos, assim como era sabido pelos antigos (que, de fato, éramos nós mesmos), gira em torno de um centro, isto é, que enquanto estamos girando em torno do Sol, ele está girando em torno de algum outro centro, de modo que nós descrevemos no céu não um círculo em torno do Sol, mas uma espiral, enquanto nos movemos com o Sol em torno de sua enorme órbita. Agora você entende exatamente essa ideia? É uma ideia muito importante, porque amplia o assunto em grande medida. Há uma estrela em algum lugar no céu, não sabemos onde, alguns acham que é Alcione, ou alguma outra estrela, alguns acham que ela pode ser uma estrela nas Plêiades, e alguns outros pensam que é uma estrela em outro lugar – mas eles sabem por dedução, do conhecido ao desconhecido, assim como o irmão Thomas lhe disse esta manhã, que o sol é atraído por algum centro desconhecido, e que ele gira em torno dele num enorme círculo, e enquanto ele gira, é claro que ele traz a Terra com ele. No decorrer de 25.000 anos em torno dos signos do Zodíaco, ele deve levar a Terra para lugares onde ela nunca esteve, pois quando ele chega a este ponto em Áries, depois de 25.000 anos, este é apenas aparentemente o mesmo ponto, assim como quando eu fiz a curva da Ferradura, eu comecei em torno do primeiro ponto e contornei a curva, voltei para o mesmo ponto, mas eu estava mais acima; eu estava em outra posição. E assim, quando o Sol voltar ao ponto em Aries onde estava no dia primeiro de abril desse ano, ele não estará na posição exata no universo do espaço, mas estará em outro lugar, e em sua jornada de 25.000 anos, por bilhões e bilhões de quilômetros, ele atraiu a Terra para lugares onde ela nunca esteve antes, e nunca mais será aquela Terra novamente. Ele deve atrai-la para espaços cósmicos onde as coisas são diferentes e, assim, causar mudanças na própria Terra, porque mudanças na matéria cósmica na atmosfera, no espaço onde o Sol atrai a Terra, deve afetar a Terra e todos os seus habitantes. Os antigos investigaram este assunto, e afirmaram há muito tempo este ciclo de 25.000 anos, mas só recentemente, por assim dizer, estamos começando a dizer que descobrimos isso. Sabemos, assim como os astrônomos do século XIX, que é um fato, ou que deve ser um fato, a partir da dedução, mas eles sabiam que era um fato porque eles mesmos o haviam observado e registraram as observações.
Os Egípcios tinham também o ciclo da Lua, o qual conhecemos, e tinham mais ciclos da Lua do que nós, pois a Lua não só tem seu ciclo de vinte e oito dias, quando muda de cheia para nova, e depois novamente para a fase inicial, mas também tem um período de retorno em algum lugar, ao longo de catorze anos, o que por si só deve ter seu efeito sobre a Terra.
Depois eles disseram, também, que a Alma humana tinha seu ciclo, que é de 5000 anos. Isto é: o homem morreu, ou o rei morreu, e seu corpo foi transformado em uma múmia na esperança de que quando, depois de seu ciclo de cinco mil anos, ele voltasse à Terra, encontrasse lá sua múmia? Não; mas para que ninguém mais pudesse ter pego seus átomos mumificados e feito um mau uso deles. A mumificação é explicada por nós de outra maneira. Seu conhecimento da lei dos ciclos fez com que eles fizessem a primeira múmia. Eles sustentavam que uma Alma humana retorna; eles também sustentavam que todos os átomos são vivos, assim como nós; que eles são pontos impressionáveis; que eles têm inteligência pertencente ao plano em que eles estão, e que o homem que usa mal os átomos da matéria, como vocês têm em seus corpos e em seus cérebros, deve enfrentar as consequências. Consequentemente, dizendo isso a si mesmos, eles disseram: “se eu morrer, e deixar esses átomos que eu usei tão bem, talvez algum outro homem os pegue e os use mal, então eu os preservarei ao máximo possível até que eu volte e então, através de um processo, eu destruo a combinação de átomos, absorvendo-os em algum lugar ou posição, onde possam ser bem aproveitados”. Isso pode parecer ofensivo para alguns hoje, mas estou apenas repetindo a teoria. Não estou dizendo se acredito nisso ou não.
Os antigos egípcios que mantinham essas teorias desapareceram e não deixaram nada além das pirâmides, dos templos de Tebas, das Esfinges e de todos os grandes monumentos que estão lentamente sendo descobertos por nós. Para onde eles foram? Será que eles voltaram? Os Coptas agora no Egito os representam? Acho que não, apesar de a hereditariedade ser a alardeada explicação de tudo. Os Coptas são seus descendentes? Eles não sabem nada, absolutamente nada além de uma linguagem simples, e vivem a vida como escravos, e ainda assim são descendentes dos antigos Egípcios! O que aconteceu com eles? Os antigos Egípcios, acreditamos, eram colaboradores dos antigos Hindus, cujo ciclo permanece; isto é, cujos descendentes permanecem, detendo o conhecimento, em parte, de seus antepassados, e descobrimos que os Hindus sempre mantiveram as mesmas teorias acerca dos ciclos sustentadas pelos Egípcios. Eles dividiram as eras do mundo. Eles dizem que a manifestação inicia e depois dura por um período chamado Kalpa, um número enorme de anos; esse Kalpa é dividido em eras. O pequeno ciclo é composto de muitos anos; um será de quatro mil, outro de quatrocentos mil, outro será de um milhão, e assim por diante, perfazendo um total que não podemos compreender com a mente, mas que podemos escrever no papel.
Agora, a ideia dos ciclos veio dos Hindus, através das nações que se espalham a partir dali, pois é admitido que a terra do Hindustão é o berço da Raça. A Raça Ariana veio à Cristandade, de modo que encontramos os Cristãos, os Romanos, os Gregos e todos os povos daquela época com as mesmas teorias a respeito dos ciclos, ou seja, que a lei cíclica prevalece em todos os lugares. Nós a encontramos nos místicos antigos, nos místicos cristãos, nos místicos da idade média e nos místicos das épocas mais próximas à nossa.
Se você for ler as obras de Higgins, que escreveu Anacalypsis, você encontrará compilações e investigações laboriosas sobre o assunto dos ciclos. Eles prevalecem? Existe algo como um ciclo que afeta o destino humano?
Aproximando-se de nossa própria vida pessoal, podemos ver que os ciclos prevalecem e devem prevalecer, pois o sol nasce pela manhã e vai para o centro do céu, se põe no oeste; no dia seguinte ele faz a mesma coisa, e seguindo-o, você se levanta. Você chega ao ponto máximo de sua atividade, e vai dormir. Assim, o dia segue à noite e a noite segue ao dia. São ciclos, pequenos ciclos, mas que vão fazendo os maiores. Você nasceu, por volta dos sete anos de idade, começou a ter algum discernimento. Mais um pouco você chega à idade adulta, depois começa a decair e, por fim, termina o grande dia de sua vida quando o corpo morre.
Ao olharmos para a natureza, também descobrimos que há verão e inverno, primavera e outono. Estes são ciclos, e cada um deles afeta a Terra, com os seres humanos que estão sobre ela.
A doutrina esotérica de que o irmão Mead tem falado, a doutrina interna dos antigos teosofistas e dos teosofistas de hoje, a ser encontrada em toda literatura antiga e livro religioso, é que a lei cíclica é a lei suprema que governa nossa evolução; que a reencarnação, da qual tanto falamos, é a lei cíclica em ação e é soberana. Mas o que é a reencarnação senão um retorno à vida, exatamente o que os antigos Egípcios ensinaram e que estamos descobrindo ser provavelmente verdadeiro, pois de nenhuma outra forma, a não ser por esta lei cíclica da reencarnação, podemos dar conta dos problemas da vida que nos assolam; com isso, respondemos por nosso próprio caráter, cada um diferente do outro, e com uma força peculiar a cada pessoa.
Sendo essa a lei suprema, temos que considerar outra, que está relacionada a ela e contida no título que adotei. Esta é a lei do retorno das impressões. O que queremos dizer com isso? Isso quer dizer, aqueles atos e pensamentos realizados por uma nação – não falando das coisas que afetam a natureza, embora ela seja governada pela mesma lei – constituem uma impressão, ou seja, o fato de você vir a essa convenção cria em sua natureza uma impressão. Você indo para a rua e vendo uma briga de rua, cria uma impressão. Você tendo tido, na semana passada, uma desavença e denunciar um homem ou uma mulher, e enfurecendo-se, você cria uma impressão em você, e essa impressão é tão sujeita à lei cíclica quanto a Lua, as estrelas e o mundo, e é muito mais importante para seu desenvolvimento – seu desenvolvimento ou evolução pessoal – de que todas essas outras grandes coisas, porque essas afetam no geral, enquanto essas pequenas afetam você no particular.
Esta doutrina teosófica a respeito dos ciclos e da evolução da raça humana, creio ser conhecida por todos vocês, pois suponho que todos vocês sejam teosofistas.
Deve ser descrita mais ou menos dessa maneira: imaginem que antes desta Terra sair da condição gasosa, existia uma Terra em algum lugar no espaço, chamemo-la Lua, pois essa é a teoria correta. A Lua foi um dia um corpo grande e vital cheio de seres. Ela viveu a sua vida, passou por seus ciclos e, por fim, tendo vivido a sua vida, depois que vastas eras se passaram, chegou ao momento em que tinha de morrer; isto é, chegou o momento em que os seres daquele orbe tiveram de a deixar porque o seu prazo tinha decorrido, e depois começou o êxodo daquele orbe. Vocês podem imaginar o êxodo como um voo de pássaros migrando. Vocês já viram pássaros migrando? Na Irlanda, e talvez na Inglaterra, as andorinhas migram de uma maneira muito peculiar. Quando eu era menino, costumava ir à casa do meu tio, onde havia uma velha pilha de entulho de pedra no final do jardim e, por alguma combinação peculiar de circunstâncias, as andorinhas de todos os condados vizinhos se reuniam ali. O modo como se juntavam era assim: quando chegava o período, era possível vê-las chegando de todas as partes do céu, e elas pousavam e gorjeavam sobre esta pilha de pedra o dia todo, e voavam ao redor. Quando a noite chegava – o crepúsculo – elas se levantavam como um só corpo e formavam um enorme círculo. O círculo de andorinhas devia ter mais de 40 pés de diâmetro, e esse círculo de andorinhas voava no céu, ao redor dessa pilha, dando voltas por uma hora ou duas, fazendo um barulho estridente de gorjeio, o que atraía de outros lugares andorinhas que provavelmente haviam esquecido do acontecimento. Elas prosseguiram assim por vários dias até que, um dia, chegou a hora de ir e elas saíram – algumas forma deixadas para trás, algumas chegaram cedo demais e outras tarde demais. Outras aves migravam de outras formas. E assim, essas aves humanas migraram da Lua para esse lugar onde a Terra começou (não sei onde é – um lugar no espaço -) e se estabeleceram como seres vivos, entidades, sem corpos, mas seres, naquela massa de matéria – um ponto no espaço – infundiram-na com vida, e, por fim, fizeram com que esta Terra se tornasse uma esfera com seres sobre ela. E então ciclos começaram a prevalecer, porque as impressões feitas sobre esses pais quando viviam na antiga civilização da Lua – a mente não consegue imaginar quão antiga – voltaram quando chegaram a essa Terra, e assim encontramos as Raças da Terra ascendendo e caindo, ascendendo novamente e caindo, ascendendo e caindo e, por fim, tornando-se o que são agora, o que é nada do que serão, porque sempre ascendem mais. Essa é, de modo geral, a teoria e nela está incluída a teoria das Raças, as sete grandes Raças que habitaram a Terra sucessivamente, os sete grandes Adãos que povoaram a Terra; e, por fim, quando essa Terra terá chegada ao seu tempo de vida, seu prazo, todos os seres sobre ela se lançarão para longe dela, para algum outro lugar no espaço para evoluir novos mundos como Irmãos mais Velhos que já fizeram a mesma coisa antes em outros espaços na natureza. Não estamos fazendo isso cegamente. Foi feito antes por outros – ninguém sabe quando começou. Nada houve parecido como um começo, não terá fim, mas sempre haverá Irmãos mais Velhos da Raça, que seguem vivendo. Como alguns escreveram, não podemos reverter o curso dos ciclos. O fogo do patriotismo não pode prevalecer sobre o destino superior, que mergulhará uma nação na escuridão. Os Irmãos mais Velhos estão sujeitos à lei, mas eles têm confiança e esperança, porque essa lei apenas significa que eles parecem descer, a fim de subir de novo a uma altura maior. De forma que nós temos subido, pela lei cíclica, a partir dos reinos inferiores da natureza. Ou seja, estamos conectados em uma enorme irmandade, que inclui não somente os brancos da Terra e os negros da Terra, e os amarelos, mas o reino animal, o reino vegetal, o reino mineral e o reino elementar invisível. Não se deve ser tão egoísta a ponto de supor que inclui apenas homens e mulheres. Inclui tudo, cada átomo desse sistema solar. E nós surgimos de formas inferiores, e estamos aprendendo como moldar e modelar, usar e abusar, ou impressionar a matéria que vem sob nossa responsabilidade, em nossos corpos, em nossos cérebros e em nossa natureza psíquica, para que essa matéria seja uma melhoria a ser usada pelos irmãos mais jovens que ainda estão abaixo de nós, talvez na pedra sob nossos pés. Não quero dizer com isso que haja um ser humano nessa pedra. Não há matéria morta em nenhum lugar, mas cada átomo naquela pedra contém uma vida, ininteligente, sem forma, mas potencial, e em algum período de tempo muito além de nossa compreensão, todos aqueles átomos naquela pedra terão sido liberados. A própria matéria terá sido aprimorada e, no final, tudo nesse grande ciclo de progresso terá sido erguido nos degraus da escada, para permitir que outros ainda inferiores, numa condição que não podemos compreender, elevem-se até eles.
Essa é a verdadeira teoria. Será isso uma superstição? Se você acredita nos jornais, isso é superstição, pois eles vão distorcer e transformar tudo o que você diz. Seus inimigos vão dizer que você disse que havia um homem naquela pedra e que você tem sido uma pedra. Mas você não foi uma pedra, mas a grande mônada, o peregrino que veio de outros mundos, tem estado em cada pedra, em cada reino e, agora, alcançou a condição de homem, para mostrar se ele é capaz de continuar sendo um homem, ou se ele irá retroceder novamente para uma classe inferior, como um garotinho na escola que não quer aprender.
Agora, essa lei de impressões de que tenho falado pode ser ilustrada dessa forma: se você olhar para uma destas luzes elétricas – tirar todo o resto, deixando apenas uma, para ter uma melhor impressão – você verá que a luz produz uma imagem na retina e, quando você fechar o olho, esse brilhante filamento de luz feito por um carbono numa lâmpada incandescente será visto por você em seu olho. Você pode experimentá-lo e ver por si mesmo. Se você mantiver o olho fechado e observar atentamente, verá a imagem voltar um certo número de vezes, ela permanecerá um certo número de vezes, desaparecerá no mesmo período e voltará novamente, sempre mudando em algum aspecto, mas sempre a imagem do filamento, até que finalmente chega o momento em que desaparece, aparentemente porque outras impressões a apagaram ou a encobriram. Isso significa que há um retorno da impressão desse filamento, mesmo na retina. Após a primeira vez, a cor muda a cada vez, e assim continua voltando em intervalos regulares, mostrando que há um retorno cíclico da impressão na retina e, como disse o irmão Thomas esta manhã, se isso se aplica em um lugar, se aplica em todos os lugares. E quando olhamos para nosso caráter moral, encontramos a mesma coisa, pois assim como temos as marés no oceano, que dizem ser explicadas pela lua – o que em minha opinião não explica, mas é claro, não sendo cientista, minha opinião não vale muito – também temos marés no homem, que são chamadas de retorno dessas impressões; ou seja, se você fizer uma coisa uma vez, haverá uma tendência a se repetir. Se você a fizer duas vezes, duplica sua influência e maior é a tendência de repeti-la. E assim por diante, nosso caráter demonstra esse constante retorno de impressão cíclica. Temos estas impressões de cada ponto do espaço, de cada experiência pela qual passamos, de tudo o que podemos passar a qualquer momento, mesmo aquelas coisas pelas quais nossos antepassados passaram. E isso não é injusto pela seguinte razão: nossos antepassados forneceram a linhagem de invólucro corporal, e não podemos entrar nessa linhagem de invólucro corporal a menos que sejamos semelhantes a ela, e por essa razão devemos ter estado em algum ponto desse ciclo nessa mesma linhagem, ou família, no passado, de modo que eu devo ter dado no passado uma mão na construção da linhagem específica da família na qual eu agora existo, e estou novamente assumindo a impressão cíclica retornando em mim.
Agora, isto tem a maior influência possível sobre nossa evolução como indivíduos específicos e essa é a única maneira pela qual desejo considerar a questão da evolução aqui; não a questão ampla da evolução do universo, mas nossa própria evolução, o que significa nossa vida corporal, como tão frequentemente nos dizia Madame Blavatsky, repetindo os antigos, e como descobrimos ser dito por tantos da mesma escola. Uma oportunidade surgirá para você fazer algo; você não a faz; você pode não a ter novamente por cem anos. É a volta diante de você de alguma coisa antiga que era boa, se for boa, na série de ciclos. Você a negligencia e você pode, e a mesma oportunidade retornará, lembre-se, mas pode não retornar antes de muitas centenas de anos. Pode não retornar até uma outra vida, mas retornará sob a mesma lei.
Agora pegue outro caso. Tenho um amigo que está tentando descobrir tudo sobre a teosofia e sobre uma natureza psíquica, mas descobri que ele não está prestando a mínima atenção a esse assunto do inevitável retorno dessas impressões que ele cria sobre si mesmo. Eu descobri que ele teve períodos de depressão e, isso se aplica a todos, quando ele teve um desânimo que não pôde explicar eu disse a ele: você teve o mesmo desânimo há talvez sete semanas, há talvez oito semanas, talvez há 5 semanas. Ele verificou seu diário e sua memória, e descobriu que tinha recorrências reais de desânimo com aproximadamente o mesmo intervalo. Bem, eu disse, isso me explica como isso está voltando. Mas o que devo fazer? Faça o que os antigos teosofistas nos ensinaram; isto é, só podemos ter esses bons resultados produzindo impressões opostas às más. Então, aproveite essa situação de desânimo. Sendo essa a volta de uma impressão antiga, o que ele deveria ter feito é ter-se obrigado a sentir alegria, mesmo contra sua vontade, e se ele não pudesse ter feito isso, então tivesse tentado sentir a alegria dos outros. Ao fazer isso, ele teria implantado em si mesmo uma outra impressão, isso é, de alegria, de modo que quando essa coisa retornasse, em vez de ter a mesma natureza e duração, ela teria sido mudada pela impressão de alegria ou euforia e as duas coisas se juntando, teriam se contrabalançado, assim como duas bolas de bilhar que se chocam tendem a se neutralizar, o que se aplica a toda pessoa que tem depressão. Isto não se aplica a mim, e eu acho que deve ser devido ao fato de que em alguma outra vida eu tive depressão. Eu tenho outras coisas, mas depressão nunca.
Eu tenho amigos e conhecidos que têm estes feitiços desanimadores. É o retorno de velhas impressões cíclicas, ou o retorno cíclico de impressões. O que você deve fazer? Algumas pessoas dizem: eu apenas me sento e deixo passar; isso é, você se senta ali e a cria mais uma vez. Você não pode apagá-la se ela tem vindo, mas quando vier, comece algo diferente, comece a alegrar-se, seja bom para alguém, depois tente aliviar alguma outra pessoa que esteja desanimada, e você terá começado outra impressão, que voltará na mesma hora. Não faz diferença se você esperar um dia ou dois para fazer isso. No dia seguinte, ou alguns dias depois será suficiente, porque quando a velha impressão cíclica retornar, ela terá arrastado a nova para cima, porque está relacionada a ela por associação.
Isso tem uma relação com a questão da civilização na qual somos nós mesmos um elemento.
Quem somos nós? Onde estamos indo? De onde viemos? Eu lhe disse que os antigos Egípcios desapareceram. Se você perguntar sobre a história egípcia, o mais interessante por ser o obscuro, você vai descobrir, como dizem os escritores, que essa civilização parece ter chegado ao auge de uma só vez. Não sabemos quando ela começou. A civilização era tão formidável que deve ter existido por um tempo enorme para chegar a esse auge, de modo que não podemos rastreá-la desde o seu início, e ela desapareceu repentinamente da face da Terra; nada resta dela, a não ser as enormes ruinas que testemunham essas grandiosas obras, pois os antigos Egípcios não só fizeram múmias nas quais exibiam a arte do enfaixamento que não podemos melhorar, mas eles colocaram tudo em tal grau de aperfeiçoamento que devemos concluir que tinham muitos séculos de civilização. Havia um especialista para um olho e um especialista para o outro. Na minha pobre e humilde opinião, nós somos os Egípcios.
Voltamos novamente, depois de nosso ciclo de cinco mil anos, ou seja lá qual ciclo for, e arrastamos de volta conosco o que alguém chamou de raça semítica, com a qual estamos ligados por alguma velha impressão da qual não podemos nos livrar, e, assim, essa mesma imagem semítica está impingida em nós. Trouxemos de volta conosco, pela inevitável lei de associação no retorno cíclico, alguma raça, alguns personagens ligados a nós por alguns atos nossos naquela grande civilização antiga agora desaparecida, e não podemos nos livrar dela; devemos elevá-la a algum outro plano na medida em que nós nos elevamos.
Creio que na América está a prova que essa civilização está voltando, porque nada é perdido na teoria teosófica. Se fossemos deixados com registros, construções e coisas semelhantes, eles logo desapareceriam e nada poderia ser recuperado. Mas cada indivíduo na civilização, onde quer que ela esteja, coloca o registro em si mesmo, e quando ele entra nas circunstâncias favoráveis descritas por Patanjali, um velho Hindu, quando ele recebe a aparelhagem, ele vai trazer à tona a antiga impressão. Os antigos dizem que cada ato tem um pensamento por trás dele, e cada pensamento cria uma impressão mental; e quando a aparelhagem é providenciada, surgirá então essa nova condição em relação a classe, lugar e dotação.
Assim, mantemos em nós mesmos a impressão de todas as coisas que fizemos, e quando chega a hora de voltarmos, repetidamente, através da Idade Média talvez, na Inglaterra, na Alemanha, na França, chegamos finalmente a um ambiente como o que é proporcionado aqui, exatamente o físico e qualquer outro meio para nos habilitar a ir bem e para habilitar os outros que estão vindo depois de nós. Quase posso vê-los; eles estão vindo em um pequeno exército dos países do velho mundo para tentar melhorar esse; pois aqui há séculos havia também uma civilização, talvez estivéssemos nela então, talvez anterior aos antigos Egípcios. Ela desapareceu daqui, não sabemos quando, e deixou esta terra árida por muitos milhares de anos até ser mais uma vez descoberta pelos Europeus. O mundo antigo, quero dizer a Europa, foi envenenado, a terra foi encharcada com as emanações, envenenada pelas emanações dos povos que viveram sobre ela; o ar acima dela é consequentemente envenenado pelas emanações da terra; mas aqui na América, exatamente o lugar para a nova Raça, é uma terra arável que teve repetidamente tempo para destruir os venenos que foram plantados aqui há muitos séculos. Isso nos proporciona um novo país, com vibrações no ar que agitam cada partícula no homem que a respira, e então encontramos os povos vindo do velho mundo parecendo receber, através dos seus pés, as impressões de um antigo país americano. Tudo isso afeta a nossa civilização e a nossa Raça.
Estamos aqui, uma nova Raça em um novo ciclo, e pessoas que têm conhecimento dizem que um ciclo vai terminar em poucos anos e que um novo ciclo vai começar, e que esse final e início será acompanhado de convulsões da sociedade e da natureza. Todos podemos quase vê-lo chegando. Os acontecimentos estão muito evidentes no céu. Lembre-se do que Daniel diz: “Haverá um tempo, tempos e meio tempo”, e assim por diante, e as pessoas no organismo Cristão têm tentado descobrir a época em que o tempo começou, e essa é exatamente a dificuldade. Nós não sabemos quando o tempo começou. E a única pessoa que nesses muitos anos fez uma afirmação direta é Madame Blavatsky, e ela disse: “dentro de poucos anos um ciclo vai terminar, você deve se preparar.” De modo que foi como os velhos profetas que vieram ao povo e disseram: “Prepare-se para uma nova era de coisas, prepare-se para o que você tem de fazer”. É exatamente isso que essa civilização está fazendo. É a civilização mais elevada, embora a mais rudimentar agora na Terra. É o início da grande civilização que está por vir, quando a velha Europa tiver sido destruída: quando as civilizações da Europa forem incapazes de fazer qualquer coisa mais, então esse será o lugar onde a nova grande civilização começará a estender, mais uma vez, a mão para agarrar a do antigo Oriente, que ali permaneceu silenciosamente sem fazer nada durante todos esses anos, mantendo em suas antigas criptas, bibliotecas e registros a filosofia que o mundo quer, e é essa filosofia e essa ética que a Sociedade Teosófica está tentando lhe dar. É uma filosofia que você pode entender e praticar.
É suficiente dizer a um homem: faça o certo, mas, nessa era supersticiosa, ele dirá depois de um tempo: por que eu deveria fazer o certo, a menos que eu sinta vontade? Quando você estiver mostrando essas leis, que ele deve voltar em seu ciclo; que ele está sujeito à evolução; que ele é uma Alma peregrina reencarnada, então ele verá o porquê, e então, a fim de obter uma base segura, ele aceita a filosofia e é isso que a sociedade teosófica e o movimento teosófico estão tentando fazer. Outro dia o irmão George Mead disse, ao falar de um assunto como este, que o grande propósito e objetivo é a grande renúncia, ou seja, que depois de progredir para grandes alturas, o que só se pode fazer pelo altruísmo, por fim se diz a si mesmo: “eu posso tomar o repouso a que tenho direito”. Porque o que prevalece em um lugar deve prevalecer em outro, e no percurso do progresso devemos chegar finalmente a um momento em que possamos ficar repousando, mas se você diz a si mesmo: “eu não vou aceitar, mas do modo que conheço esse mundo e todas as pessoas nele são obrigadas a viver e durar por muitos milhares de anos mais, e se não ajudadas talvez possam falhar, eu não vou aceitar, mas vou ficar aqui e vou sofrer, por ter maior conhecimento e maior sensibilidade” – essa é a grande renúncia como nos diz a teosofia. Sei que não costumamos falar assim, porque muitos de nós pensamos que as pessoas imediatamente nos dirão quando falarmos da grande renúncia: “eu não quero isso; é muito trabalho”. Então, geralmente falamos sobre o admirável progresso, e como você, por fim, vai escapar da necessidade de reencarnação e, por fim, da necessidade de fazer isto ou aquilo e outra coisa; mas se você cumprir seu dever, você deve se decidir quando chegar ao auge, quando souber tudo, quando participar do governo do mundo – não o de uma cidade, mas do verdadeiro governo do mundo e das pessoas nele – em vez de desperdiçar seu tempo dormindo, você ficará para ajudar aqueles que ficaram para trás, e essa é a grande renúncia. É isso que é contado de Buda e de Jesus. Sem dúvida, toda a história sobre Jesus, que na minha cabeça não pode ser provada historicamente, é baseada na mesma coisa que chamamos de renúncia. Ele foi crucificado após dois ou três anos de trabalho. Mas dizemos que o significado disso é que esse Ser Divino resolve que ele se crucificará aos olhos do mundo, aos olhos dos outros, para poder salvar os homens. Buda fez a mesma coisa muito antes de Jesus ter nascido. A história que ele fez a grande renúncia significa apenas o que tenho dito a vocês, em vez de fugir desse lugar horrível, como nos parece. Porque isso é de fato horrível, pois olhamos para ele, cercado de obstáculos, passível de derrota a qualquer momento, passível de acordar pela manhã depois de planejar uma grande reforma, e vê-la atirada ao chão. Ao invés de escapar de tudo isso, ele permaneceu no mundo e iniciou sua doutrina, que ele sabia que pelo menos alguns seguiriam. Mas essa grande doutrina de renúncia ensina que, em vez de trabalhar por si mesmo, você trabalhará para saber tudo, para fazer tudo ao seu alcance por aqueles que possam ser deixados para trás, exatamente como diz Madame Blavatsky em “Voz do Silêncio”: “saia do Sol para a sombra, para dar mais espaço aos outros”.
Isso não é melhor que o céu que é alcançado ao preço da condenação daqueles seus parentes que não acreditarão num dogma? Não é essa uma grande filosofia e uma grande religião que inclui a salvação e a regeneração, a elevação científica e o aperfeiçoamento de toda a família humana e de cada partícula em todo o universo, em vez de imaginar que alguns seres miseráveis entrarão no paraíso após setenta anos de vida, e então eles olharão para trás para ver os tormentos no inferno daqueles que não aceitaram um dogma?
O que são essas outras religiões comparadas com isso? Como algum homem pode continuar acreditando numa ideia como a de condenação por mera descrença, eu não consigo compreender. Eu teria preferido – se tivesse que escolher – ser um adorador do mais professado tipo, que acredita em Indra e permanece com meu raciocínio comum, do que acreditar numa doutrina como aquela que me permite supor que meu irmão, que não acredita em um dogma, está ardendo no inferno enquanto eu, por simplesmente acreditar, possa me divertir no céu.
Os teosofistas, se aprenderem a doutrina e tentarem explicá-la, irão reformar este mundo. Ela se infiltrará em todas as camadas da sociedade e evitará a necessidade de legislação. Ela mudará o povo, enquanto você continuará legislando e deixando o povo desse mundo como ele é, e você terá exatamente o que aconteceu na França. Os capitalistas naquele dia, no Dia da Revolução – isto é, os monarquistas – oprimiam o povo. Por fim, o povo se sublevou e os filósofos da época instituíram o reinado da razão, e a partir do reinado da razão – observe que ali introduziram uma bela ideia da humanidade, essa ideia criou raízes em um solo que não estava preparado – veio a prática de assassinar outras pessoas por atacado até que rios de sangue correram por toda a França. Então você percebe qual será o resultado se algo não for feito para elevar o povo. Vimos em Chicago o resultado de tais atos, os murmúrios de tal tempestade, se a filosofia teosófica – chamem-na por qualquer outro nome que vocês preferirem – não for pregada e compreendida. Mas se essas antigas doutrinas não forem ensinadas à Raça, vocês terão uma revolução e, em vez de progredir de forma estável e normal, vocês chegarão a coisas melhores através de tempestades, de problemas e de sofrimento. Vocês vão crescer, é claro, pois mesmo a partir de revoluções e de sangue vem o progresso, mas não é melhor ter progresso sem isso? E é para isso que a filosofia teosófica está destinada. É por isso que os Mahatmas de quem estávamos falando, direcionando sua servidora H. P. Blavatsky, como já direcionaram muitos antes, surgiram em uma época em que o materialismo estava lutando contra a religião e estava se dedicando a obter a supremacia e, mais uma vez, tudo avançou em sua forma cíclica e essas velhas doutrinas foram revivificadas sob a orientação do movimento teosófico. São doutrinas que explicam todos os problemas e, no esquema universal, dão ao homem um lugar como o de um deus em potencial.
WILLIAM Q. JUDGE