Regras no Ocultismo – W.Q.Judge
Estudante – “Existem regras, obrigatórias para todos, na magia branca ou no bom ocultismo? Quero dizer, regras semelhantes aos dez mandamentos dos Cristãos, ou as regras para a proteção da vida, liberdade e propriedade reconhecidas pela lei humana.
Sábio – “Existem tais regras do caráter mais estrito, cuja violação nunca é apagada salvo por expiação. Essas regras não são produzidas por algum cérebro ou mente, mas fluem das leis da natureza, da mente e da alma. Portanto, elas são impossíveis de anular. Alguém pode quebrá-las e parecer escapar por toda uma vida ou por mais de uma vida; mas a própria quebra delas põe imediatamente em movimento outras causas que começam a produzir efeitos e, infalivelmente, esses efeitos por fim reagem sobre o infrator. Carma aqui age como o faz em qualquer outra parte e se torna um Nêmesis que, embora às vezes lento é, em sua certeza, o próprio destino.
Estudante – “Não é, então, o caso que quando um ocultista infringe uma regra algum outro Adepto ou agente começa como um detetive ou policial e leva o culpado à justiça num tribunal como nós, às vezes, lemos nas obras fantasiosas de escritores místicos ou romancistas?
Sábio – Não, não existe tal perseguição. Pelo contrário, todos os colegas Adeptos ou alunos estão muito dispostos a ajudar o infrator, não para escapar da punição, mas para sinceramente tentar colocar em movimento causas neutralizadoras, para o bem de todos. Porque o pecado de um reage sobre toda a família humana. Se, no entanto, o culpado não deseja fazer a quantidade de bem neutralizador, ele é simplesmente deixado sozinho para a lei da natureza que é, de fato, a da sua própria vida interna da qual não há como escapar. No romance de Lytton, Zanoni, você notará o Mestre sério, Mejnour, tentando ajudar Zanoni, mesmo no momento em que este último estava caindo lenta mas seguramente nas armadilhas enredadas por ele mesmo, o que terminou em sua destruição. Mejnour conhecia a lei e Zanoni também. Este último estava sofrendo de algum erro anterior que ele teve que corrigir; o primeiro, se ele fosse muito severo e cruel, mais tarde viria a sofrer a aflição apropriada por tal erro. Mas enquanto isso, ele não pode deixar de ajudar seu amigo, como todos aqueles que realmente acreditam na fraternidade.
Estudante – Qual dessas regras corresponde, de alguma forma, a “Não roubarás”?
Sábio – Aquela que foi expressa há muito tempo pelo antigo sábio nas palavras:“ Não cobice a riqueza de nenhuma criatura ”. Isso é melhor do que “Não roubarás”, porque você não pode roubar a menos que cobice. Se você roubar por fome, pode ser perdoado, mas você cobiçou a comida com uma finalidade, assim como outro cobiça apenas por possuir. A riqueza de outros inclui todas as suas posses e não significa apenas dinheiro. Suas ideias, seus pensamentos particulares, suas forças mentais, poderes e faculdades, seus poderes psíquicos – tudo, na verdade, em todos os planos que possuem ou têm. Enquanto eles estão dispostos a doar tudo nesse reino, não deve ser cobiçado por outro.
Você não tem o direito, portanto, de entrar na mente de outro que não deu a permissão e tirar dele o que não é seu. Você se torna um ladrão no plano mental e psíquico quando quebra essa regra. Você está proibido de tirar qualquer coisa para ganho, lucro, vantagem ou uso pessoal. Mas você pode pegar o que é para o bem geral, se estiver suficientemente avançado e bom o suficiente para ser capaz de livrar disso o elemento pessoal. Essa regra iria, você pode ver, eliminar todos aqueles que são bem conhecidos por cada observador, que desejam poderes psíquicos para si mesmo e para seus próprios usos. Se tais pessoas tivessem os poderes de visão e de audição internos que tanto desejam, nenhum poder poderia impedi-las de cometer roubos nos planos invisíveis, onde quer que encontrassem um ser que não fosse protegido. E como a maioria de nós está longe de ser perfeita, até agora, de fato, que devemos trabalhar por muitas vidas, ainda assim os Mestres da Sabedoria não ajudam nossas naturezas defeituosas a obter armas que cortariam nossas próprias mãos. Porque a lei age implacavelmente e as violações feitas encontrariam seus fins e resultados muitos anos depois. A Loja Negra, entretanto, está muito disposta a permitir que qualquer mortal pobre, fraco ou pecador obtenha tal poder, porque isso aumentaria o número de vítimas de que tanto necessitam.
Estudante – Existe alguma regra correspondente a “Não darás falso testemunho”?
Sábio – Sim; aquela que exige que você nunca injete no cérebro de outro um pensamento falso ou contrário à verdade. Como conseguimos projetar nossos pensamentos na mente de outra pessoa, não devemos jogar os inverídicos para outrem. Isso vem diante dele, e ele, talvez vencido por sua força, a encontra ecoando nele, e é uma falsa testemunha falando por dentro, desorientando e confundindo o espectador interno que vive de pensamento.
Estudante – Como alguém pode impedir a ação natural da mente quando imagens da vida particular de outros aparecem diante dele?
Sábio – Isso é difícil para a maioria dos homens. Então, em geral, a massa não tem o poder; é retido tanto quanto possível. Mas quando a alma treinada olha para o reino da alma, ela também é capaz de direcionar sua visão, e quando ela percebe o surgimento de uma imagem que não deveria aceitar voluntariamente, ela vira o rosto. Um aviso vem com todas essas imagens o qual deve ser obedecido. Essa não é uma regra ou uma informação invulgar, pois há muitos clarividentes naturais que a conhecem muito bem, embora muitos deles não achem que os outros têm o mesmo conhecimento.
Estudante – O que você quer dizer com um aviso vindo com a imagem?
Sábio – Nesse reino, o menor pensamento se torna uma voz ou uma imagem. Todos os pensamentos produzem imagens. Cada pessoa tem seus pensamentos e desejos privados. Em torno deles, ele também faz uma imagem de seu desejo de privacidade, e que para o clarividente se torna uma voz ou imagem de advertência que parece dizer que deve ser deixada em paz. Com alguns, pode tomar a forma de uma pessoa que diz para não se aproximar, com outros será uma voz, ainda com outros, um simples mas certo entendimento de que o assunto é sagrado. Todas essas variedades dependem das idiossincrasias psicológicas do vidente.
Estudante – Que tipo de pensamento ou conhecimento são excluídos dessas regras?
Sábio – Geral e filosófico, religioso e moral. Ou seja, não existe lei de direito autoral ou de patente que seja puramente humana na invenção e pertença ao sistema competitivo. Quando um homem pensa de verdade num problema filosófico, sob as leis da natureza, não é dele; pertence a todos; nesse reino, ele não tem direito a qualquer glória, a nenhum lucro, a qualquer uso particular. Portanto, o vidente pode tirar tanto quanto quiser, mas de sua parte, não deve reivindicá-lo ou usá-lo para si mesmo. Semelhantemente com outros assuntos geralmente benéficos. Eles são para todos. Se um Spencer pensa em uma longa série de coisas sábias e boas para todos os homens, o vidente pode levar todas elas. De fato, mas poucos pensadores têm qualquer pensamento original. Eles se orgulham de fazê-lo mas, na verdade, suas mentes buscadoras passam por todo o mundo da mente e pegam daquelas de movimentação mais lenta o que é bom e verdadeiro e, então, os tornam seus, às vezes ganhando glória, às vezes dinheiro, e nessa era reivindicando tudo como sendo seu e lucrando com isso.
William Q. Judge
Path, Janeiro 1895