A Cultura da Concentração – Parte 1 – W.Q.Judge
O termo mais utilizado para expressar o que está referido no título acima é CULTURA DO SELF. Agora parece expressar bem, pelo menos por algum tempo, a prática referida por aqueles que desejam conhecer a verdade. Mas, de fato, é impreciso do ponto de vista teosófico, pois o self é considerado como aquele designado nos livros Indianos como Ishwara, que é uma parte do espírito eterno consagrado em cada corpo humano. Não há dúvida de que essa é a visão Indiana. O Bhagavad-Gita no Cap.15 diz que uma porção eterna desse espírito, “tendo assumido a vida nesse mundo da vida, atrai o coração e os cinco sentidos que pertencem à natureza. Qualquer que seja o corpo que Ishwara entre ou saia, este está conectado a ele ao arrebatar esses sentidos da natureza, mesmo quando a brisa arranca os perfumes de seu próprio leito. Este espírito se aproxima dos objetos do sentido presidindo sobre o ouvido, o olho, o tato, o paladar, o olfato, e sobre o coração também”; e em um capítulo anterior, “o espírito Supremo dentro deste corpo é chamado de Espectador e admoestador, sustentador, desfrutador, grande Senhor, e também de mais elevada Alma”; e novamente, “a eterna Alma Suprema, mesmo quando existe dentro de – ou conectada ao – corpo, não é contaminada pelas ações do corpo.
Em outros lugares desses livros, este mesmo espírito é chamado de “Self”, como em uma frase célebre que em Sânscrito é “Atmanam atmana, pashya“, que significa “Elevar o self pelo Self”, e em todos os Upanishads, onde o Self é constantemente mencionado como sendo o mesmo que o Ishwara do Bhagavad-Gita. Max Muller acha que a palavra “self”, em inglês, expressa melhor as ideias dos Upanishads sobre esse tópico.
Segue-se, portanto, que uma coisa como a cultura desse Self, que em sua própria natureza é eterno, imutável e incontaminável por qualquer ação, não pode existir. É tão somente pela inadequação dos termos que os estudantes e escritores que usam a língua inglesa são obrigados a dizer “cultura do self”, enquanto, quando o dizem, admitem que sabem que o Self não pode ser cultivado.
O que eles desejam expressar é que, “tal cultura ou prática a ser perseguida por nós, que nos permite, enquanto na Terra, espelhar a sabedoria e cumprir os mandamentos do Self interno, o qual é todo sábio e bom”.
Como o uso do termo “cultura do Self” exige uma explicação constante, seja declarada exteriormente ou consentida interiormente, é sábio descartá-lo completamente e substituí-lo por aquele que expressará a prática almejada sem levantar uma contradição.
O termo deve ser descartado também por outra razão. Isto é, que ele assume um certo grau de egoísmo, porque, se o usamos como referindo-se a algo que fazemos apenas para nós mesmos, separamos imediatamente nós do resto da irmandade humana. Somente de uma maneira podemos usá-lo sem contradição ou sem explicação, isto é, admitindo que desejamos nos desenvolver egoisticamente, contrariando assim de uma vez uma regra primordial da vida teosófica e na qual tantas e tantas vezes se insiste com tanta força, que a ideia do self pessoal deve ser erradicada. É claro que, como não vamos negar esta regra, trouxemos novamente à nossa frente a necessidade de um termo que não desperte contradições. Esse novo termo deveria, tanto quanto possível, abarcar as três coisas essenciais na ação, isso é, o instrumento, o ato e o agente, assim como o incitamento à ação; ou, o próprio conhecimento, a coisa a ser conhecida ou feita, e a pessoa que sabe.
Este termo é CONCENTRAÇÃO. Nos livros Indianos é chamado de Yoga. Isto é traduzido também como União, ou seja, uma união com o Ser Supremo, ou, como é colocado de outra forma, “o objeto do conhecimento espiritual é o Ser Supremo”.
Existem duas grandes divisões de Yoga nos livros antigos, e são chamadas de Hatha-Yoga e Raja-Yoga.
A Hatha-Yoga é uma mortificação prática do corpo por meio da qual certos poderes são desenvolvidos. Ela consiste na assunção de certas posturas que auxiliam o trabalho, e certos tipos de respiração que geram mudanças no sistema, juntamente com outros artifícios. É assim referida no capítulo quatro do Bhagavad Gita: “alguns devotos sacrificam o sentido da audição e os outros sentidos nos fogos de contenção. Alguns oferecem objetos de sentido, como o som, nos fogos dos sentidos; alguns também sacrificam a inspiração da respiração na expiração e a expiração na inspiração, bloqueando os canais de inspiração e expiração, desejosos de reter a respiração. Outros, abstendo-se de alimentos, sacrificam a vida em suas vidas.”
Em vários tratados, esses métodos são apresentados em detalhes, e não há dúvida alguma de que, ao persegui-los, pode-se obter a posse de diversos poderes anormais. Mas existe o risco, especialmente no caso de pessoas no Ocidente onde gurus ou professores experientes nessas coisas não são encontrados. Esses riscos consistem no fato de que, enquanto uma pessoa não orientada está procedendo de acordo com as regras da Hatha-Yoga, ela desperta em si mesma influências que lhe causam danos, e também leva, de vez em quando, suas funções naturais a certos estados quando deveria parar por algum tempo mas, não tendo conhecimento do assunto, pode ir além disso e produzir efeitos prejudiciais. Depois, novamente, Hatha-Yoga é uma coisa difícil de seguir e que deve ser levada até o ponto de domínio e de sucesso. Poucos dos nossos ocidentais são, por natureza, aptos para tal trabalho contínuo e difícil nos planos mentais e astrais. Assim, sendo atraídos pela Hatha-Yoga pela sua novidade, e pela aparente recompensa que proporciona em resultados físicos visíveis, eles começam sem conhecimento da dificuldade e, parando após um período de experimentação, trazem sobre si mesmos consequências que são totalmente indesejáveis.
A maior objeção a ela, entretanto, é que ela diz respeito ao homem material e semimaterial e, de uma maneira geral, ao corpo, e o que se ganha com ela é perdido na morte.
O Bhagavad-Gita refere-se a isso e descreve o que acontece nas seguintes palavras: “todos esses, de fato, sendo versados em sacrifício, têm seus pecados destruídos por estes sacrifícios. Mas só ele chega à união com o Ser Supremo que come da ambrosia deixada por um sacrifício”. Isto significa que a prática da Hatha-Yoga representa o mero sacrifício em si, enquanto que o outro tipo é a ambrósia resultante do sacrifício, ou “a perfeição do cultivo espiritual”, e que leva ao Nirvana. Os meios para alcançar a “perfeição do cultivo espiritual” são encontrados no Raja-Yoga, ou, como o designaremos por ora, Cultura da Concentração.
Quando a concentração é aperfeiçoada, estamos em condição de usar o conhecimento que está sempre ao alcance, mas que, normalmente, nos escapa continuamente. O que geralmente é chamado de conhecimento é apenas uma compreensão intelectual das formas externas, visíveis, assumidas por certas realidades. Tomemos o que é chamado de conhecimento científico de minerais e de metais. Isso é meramente uma classificação de fenômenos materiais e um aprendizado empírico. O ouro é conhecido por ser puro, macio, amarelo e extremamente maleável, dúctil, e por uma série de acasos foi descoberto que ele é útil na medicina e nas artes. Mas até hoje existe uma controvérsia, não totalmente resolvida, sobre se o ouro é mantido no minério bruto mecânica ou quimicamente. O mesmo com os minerais. As formas cristalinas são conhecidas e classificadas.
No entanto, surgiu uma nova teoria, muito próxima da verdade, de que não conhecemos a matéria de fato desta forma, mas apenas apreendemos certos fenômenos que nos são fornecidos pela matéria e que são chamados de diversas formas, à medida em que os fenômenos modificam; de ouro, madeira, ferro, pedra, e assim por diante. Mas se os minerais, metais e vegetais têm outras propriedades que só podem ser apreendidas por outros sentidos ainda não desenvolvidos, a ciência não admitirá. Passando de objetos inanimados para os homens e mulheres ao nosso redor, este conhecimento intelectual comum não nos ajuda mais do que antes. Vemos corpos com nomes diferentes e de raças diferentes, mas abaixo dos fenômenos externos nossa inteligência cotidiana não vai nos levar. Este homem, que supomos ter determinado caráter atribuído a ele após vivenciar sua conduta, mas isso ainda é apenas provisório, pois nenhum de nós está preparado para dizer que o conhecemos em suas boas ou más qualidades. Sabemos que há mais nele do que podemos ver ou raciocinar, mas o que, não podemos dizer. Isso nos escapa continuamente. E quando nós nos voltamos para contemplar a nós mesmos, somos tão ignorantes quanto sobre nosso semelhante: “Todo homem sabe o que é, mas ninguém sabe o que será”.
Deve haver em nós um poder de discernimento, cujo cultivo nos permitirá saber o que quer que se deseje saber. Que existe tal poder é afirmado por professores de ocultismo, e a maneira de adquiri-lo é através do cultivo da concentração.
É geralmente esquecido, ou não se acredita, que o homem interno que é quem tem esses poderes, tem que crescer até a maturidade, assim como o corpo tem que amadurecer antes que seus órgãos cumpram plenamente suas funções. Por homem interno não me refiro ao Self superior – o Ishwara antes mencionado, mas à parte de nós que é chamada Alma, ou homem astral, ou veículo, e assim por diante. Todos estes termos estão sujeitos a retificação, e não devem ser mantidos rigidamente aos significados dados por vários escritores. Primeiro, vamos considerar, o corpo agora visível; segundo, o homem interno – não o espírito; e terceiro, o espírito em si.
Agora, embora seja bem verdade que o segundo – ou o homem interior – tem latentes todas as potências e peculiaridades atribuídas ao corpo astral, é igualmente verdade que essas potências estão, na maioria das pessoas, ainda latentes ou apenas muito parcialmente desenvolvidas.
Este ser interno está, por assim dizer, inextricavelmente enredado no corpo, célula por célula e fibra por fibra. Ele existe no corpo de certa forma no modo como a fibra da fruta da manga se encontram na manga. Nessa fruta, temos o caroço interno com milhares de fibras finas espalhadas a partir dele pela polpa amarela ao redor. E enquanto que se está comendo, há grande dificuldade em distinguir a polpa das fibras. De forma que o ser interno do qual estamos falando não pode fazer muito quando fora do corpo, e sempre é influenciado por ele. As histórias que ouvimos sobre isso como sendo tão fácil de fazer podem ser atribuídas a uma forte imaginação, à vaidade ou a outras causas. Uma grande causa de erro em relação a esses duplos é que é bastante provável que um clarividente confunda uma mera imagem do pensamento da pessoa com a própria pessoa. De fato, entre os ocultistas que conhecem a verdade, o sair do corpo à vontade e se mover pelo mundo é considerado como um feito muito difícil, e pelas razões acima aludidas. Na medida em que a pessoa está tão entrelaçada com seu corpo, antes que ela possa tomar sua forma astral pelo país, é absolutamente necessário que ela primeiro a extraia cuidadosamente, fibra por fibra, da massa de sangue, ossos, muco, bílis, pele e carne que a cerca. Não é fácil nem rápido de realizar, nem tudo é feito em uma única ação. Tem que ser o resultado de anos de treinamento cuidadoso e de numerosas experiências. E não pode ser feito conscientemente até que o homem interno tenha se desenvolvido e se agregado em algo mais do que uma gelatina irresponsável e trêmula. Este desenvolvimento e coerência são obtidos através do aperfeiçoamento do poder de concentração.
Também não é verdade, conforme o assunto me foi apresentado através de experimentos e de ensinamentos, que mesmo em nosso sono vamos correndo pelo país vendo nossos amigos e inimigos ou saboreando alegrias terrestres em pontos distantes. Em todos os casos em que o homem adquiriu alguma concentração, é bem possível que o corpo adormecido esteja totalmente abandonado, mas tais casos ainda não são maioria.
A maioria de nós permanece bastante próxima de nossas formas adormecidas. Não nos é necessário ir embora para experimentar os diferentes estados de consciência, o que é privilégio de todo homem, mas não vamos embora por quilômetros do país até que sejamos capazes, e não podemos ser capazes até que o corpo etéreo necessário tenha sido desenvolvido e tenha aprendido a usar seus poderes.
Agora, esse corpo etéreo tem seus próprios órgãos, os quais são a essência ou a base verdadeira dos sentidos estabelecidos no homem. O olho externo é apenas o instrumento pelo qual o verdadeiro poder da visão experimenta o que se relaciona com a visão; o ouvido tem seu mestre interno, o poder da audição, e assim por diante com cada órgão. Esses poderes internos verdadeiros fluem do espírito ao qual nos referimos no começo desse artigo. Esse espírito se aproxima dos objetos do sentido presidindo os diferentes órgãos do sentido. E sempre que ele se retira, os órgãos não podem ser usados. Como quando um sonâmbulo se move com os olhos abertos que não veem nada, embora os objetos estejam lá e as diferentes partes do olho estejam perfeitamente normais e sem lesões.
Normalmente não há nenhuma demarcação a ser observada entre esses órgãos internos e os externos; o ouvido interno é considerado muito próximo ao externo para ser distinguido, mas quando a concentração começa, os diferentes órgãos internos começam a acordar, por assim dizer, e a se separar das correntes de seus equivalentes corporais. Assim, o homem começa a duplicar suas forças. Seus órgãos corporais não são lesionados, mas permanecem para serem usados no plano ao qual pertencem, e ele desenvolve um outro conjunto o qual ele pode usar, independentemente dos outros, no plano de natureza que lhes é peculiar.
Encontramos aqui e ali casos em que certas partes deste corpo interno foram, de alguma forma, desenvolvidas além das demais. Às vezes, somente a cabeça interna é desenvolvida, e temos alguém que pode ver ou ouvir de forma clarividente ou clariaudiente; novamente, apenas uma habilidade é desenvolvida separada do resto, sendo todas as outras nebulosas e instáveis. Pode ser uma mão direita, e permitirá ao proprietário ter certas experiências que pertencem ao plano de natureza ao qual a mão direita pertence, digamos o lado positivo do tato e do sentir.
Mas, nesses casos anormais, os resultados da concentração são sempre desejados. Eles tão somente projetaram uma parte, igual à lagosta que projeta seu olho na extremidade da estrutura que a leva. Ou pegue alguém que desenvolveu curiosamente um dos olhos internos, digamos o esquerdo. Isso tem uma relação com um plano da natureza bem diferente daquele que pertence ao da mão, e os resultados nas experiências são igualmente diferentes. Ele será um clarividente de certa ordem, capaz apenas de reconhecer aquilo que se relaciona com seu desenvolvimento unilateral, e completamente ignorante de muitas outras qualidades inerentes à coisa vista ou sentida, porque os órgãos próprios necessários para percebê-los não tiveram desenvolvimento. Ele será como um ser bidimensional que não consegue saber o que os seres tridimensionais sabem, ou como nós mesmos, em comparação com entidades tetradimensionais.
No curso do desenvolvimento deste corpo etéreo várias coisas devem ser observadas.
Ele começa tendo uma aparência turva e trêmula, com certos centros de energia decorrentes da incipiência de órgãos que correspondem ao cérebro, coração, pulmões, baço, fígado, e assim por diante. Ele segue o mesmo curso de desenvolvimento de um sistema solar e é, de fato, regido e influenciado pelo próprio sistema solar ao qual o mundo pertence e no qual o ser pode se encarnar. Conosco, ele é regido por nossa própria esfera solar.
Se a prática da concentração for mantida, esta massa nebulosa começa a ganhar coerência e a se moldar em um corpo com diferentes órgãos. À medida que eles crescem, eles devem ser usados. Na verdade, assim como uma criança deve engatinhar antes de poder caminhar, e deve aprender a caminhar antes de poder correr, assim também esse homem etéreo deve fazer o mesmo. Mas, como a criança pode ver e ouvir muito mais distante do que pode engatinhar ou caminhar, assim este ser normalmente começa a ver e a ouvir antes de poder sair das vizinhanças do corpo em qualquer viagem longa.
Certos obstáculos começam então a se manifestar os quais, quando devidamente compreendidos por nós, nos darão boas razões substanciais para a prática das diversas virtudes ordenadas nos livros sagrados e naturalmente incluídas sob o termo de Fraternidade Universal.
Uma delas é que, às vezes, se vê que este nebuloso corpo em formação é violentamente sacudido, ou destroçado, ou rebentado em fragmentos que têm a tendência de imediatamente voar de volta ao corpo e assumir o mesmo emaranhado do qual falamos no início. Isso é provocado pela raiva, e é por isso que todos os sábios insistem na necessidade de tranquilidade. Quando o estudante permite que a raiva surja, a influência dela é imediatamente sentida pelo corpo etéreo, e se manifesta num tremor incontrolável que começa no centro e separa violentamente as partículas até então coesas. Se for permitido que a raiva prossiga, ela irá desintegrar toda a massa, que então reassumirá seu lugar natural no corpo. O efeito resultante disso é que um período longo tem que transcorrer antes que o corpo etéreo possa novamente ser criado. E a cada vez que isso acontece, o resultado é o mesmo. E não faz diferença alguma qual pode ser a causa da raiva. Não existe o que se chama de “raiva justificada” neste estudo e, assim, escapar destas consequências inevitáveis. Se seus “direitos” foram injusta e flagrantemente invadidos ou não, não importa. A raiva é uma força que se desenvolverá à sua maneira. A raiva, portanto, deve ser estritamente evitada e não pode ser evitada a menos que a caridade e a tolerância absoluta sejam cultivadas.
Mas a raiva pode estar ausente e ainda assim outra coisa ocorre. A forma etérea pode ter assumido bastante coesão e definição, mas observa-se que, em vez de ser pura, clara e viçosa, começa a assumir uma cor nebulosa e desagradável, precursora da putrefação, que invade cada parte e, por seus efeitos, inviabiliza qualquer progresso e, por fim, reage sobre o aluno para que a raiva novamente se manifeste. Este é o efeito da inveja. A inveja não é um mero detalhe que não produz nenhum resultado físico, ela tem uma ação poderosa, tão forte em seu próprio campo quanto o da raiva. A inveja, portanto, deve ser extirpada, e não pode ser eliminada enquanto a ideia pessoal é permitida que permaneça em nós.
Outro efeito é produzido neste corpo etéreo pela vaidade. A vaidade representa a grande ilusão da natureza. Ela traz diante da Alma todo tipo de imagens errôneas ou maléficas, ou ambas, e arrasta o julgamento de tal forma para longe que, mais uma vez, a raiva ou a inveja adentrarão ou, se tal caminho for seguido, aquela destruição violenta irá recair sobre o ser. Como em um caso relacionado a mim. O homem tinha feito progressos consideráveis, mas, por fim, permitiu que a vaidade reinasse. Isto foi seguido pela apresentação à sua visão interna das mais extraordinárias imagens e ideias, que por sua vez o afetaram tanto que ele atraiu para sua esfera hordas de elementais raramente conhecidos pelos estudantes e bastante indescritíveis em inglês. Esses por fim, como é de sua natureza, cercaram-no, e um dia produziram por todo o plano de seu corpo astral um efeito em alguns aspectos semelhantes ao que se segue a uma explosão do mais poderoso explosivo conhecido pela ciência. O efeito foi que sua forma etérea foi tão subitamente rompida que, por consequência, toda a natureza do homem foi alterada, e ele logo morreu num manicômio depois de ter cometido os mais terríveis excessos.
E a vaidade não pode ser evitada a não ser cultivando diligentemente aquela abnegação e pobreza de coração, aconselhada tanto por Jesus de Nazaré quanto por Buda.
Um outro empecilho é o medo. Esse, no entanto, não é o pior de todos e é um que irá desaparecer por meio do conhecimento, porque o medo é sempre o filho da ignorância. Seu efeito sobre a forma etérea é murchá-la, ou coagulá-la e contraí-la. Mas à medida que o conhecimento aumenta, essa contração diminui, permitindo que a pessoa se expanda. O medo é a mesma coisa que a frieza na Terra, e sempre prossegue pelo processo do congelamento.
No meu [artigo] que segue, o assunto será mais aprofundado.
RAMATIRTHA (WQJ)
Path, Julho 1888