Elementais – Carma – W.Q.Judge
Estudante – Permita-me perguntar-lhe novamente: os elementais são seres?
Sábio – Não é fácil transmitir-lhe uma ideia da constituição de elementais; estritamente falando, não são, porque a palavra elementais tem sido usada em referência a uma classe deles que não tem existência como os mortais têm. Seria melhor adotar os termos usados nos livros indianos, tais como Gandharvas, Bhuts, Pisachas, Devas, e assim por diante. Muitas coisas bem conhecidas sobre eles não podem ser colocadas em linguagem comum.
Estudante – Você se refere à sua capacidade de agir na quarta dimensão do espaço?
Sábio – Sim, de uma certa forma. Tomemos a amarração de muitos nós em uma corda sem fim – uma coisa muitas vezes feita em sessões espíritas. Isso é possível para aquele que conhece mais dimensões do espaço do que três. Nenhum ser tridimensional pode fazer isso; e como você entende “matéria”, é impossível para você conceber como tal nó pode ser atado ou como um sólido pode ser passado através da matéria de outro sólido. Essas coisas podem ser feitas por elementais.
Estudante – Não são todos de uma classe?
Sábio – Não. Há diferentes classes para cada plano da natureza, e divisões de plano. Muitos nunca podem ser reconhecidos pelos homens. E aqueles pertencentes a um plano não atuam em outro. Você deve se lembrar também que estes “planos” dos quais estamos falando interpenetram um ao outro.
Estudante – Devo entender que um clarividente ou clariaudiente tem a ver com, ou é afetado por, uma determinada classe ou classes especiais de elementais?
Sábio – Sim. Um clarividente só pode ver as visões devidamente pertencentes aos planos ao qual seu desenvolvimento alcança ou já se abriu. E os elementais desses planos mostram ao clarividente apenas as imagens que pertencem aos seus planos. Outras partes da ideia ou da coisa retratada podem estar retidas em planos ainda não abertos para o vidente. Por este motivo, poucos clarividentes conhecem toda a verdade.
Estudante – Não existe alguma conexão entre o Carma do homem e os elementais?
Sábio – Existe uma muito importante. O mundo elemental se tornou um aspecto forte no Carma da raça humana. Estando inconsciente, automático e fotográfico, ele assume a compleição da própria família humana. Antigamente, quando podemos postular que o homem ainda não tinha começado a produzir Carma ruim, o mundo elemental era mais amigável ao homem porque não tinha recebido impressões pouco amigáveis. Mas assim que o homem começou a tornar-se ignorante, pouco amigável consigo mesmo e com o resto da criação, o mundo elemental começou a assumir exatamente a mesma compleição e a devolver à humanidade o pagamento exato, por assim dizer, devido às ações da humanidade. Ou como um burro, que, quando é empurrado, irá empurrar você. Ou como um ser humano que, quando a raiva ou o insulto são proporcionados, sente-se inclinado a devolver o mesmo. O mundo elemental, portanto, sendo uma força inconsciente, retorna a ou reage sobre a humanidade exatamente como a humanidade agiu em relação a ele, quer as ações dos homens fossem feitas com ou sem o conhecimento dessas Leis. Por isso, hoje em dia o mundo elemental passou a ter a compleição e a ação que é o resultado exato de todas as ações e pensamentos e desejos dos homens desde os tempos mais remotos. E, estando inconsciente e agindo apenas de acordo com as Leis naturais da sua forma de vida, o mundo elemental é um poderoso fator no funcionamento do Carma. E enquanto a humanidade não cultivar o sentimento de fraternidade e a caridade para com toda a criação, por tanto tempo os Elementais estarão sem o impulso de agir em nosso benefício. Mas tão cedo e onde quer que o homem ou os homens começarem a cultivar o sentimento fraterno e o amor por toda a criação, aí e então os elementais começarão a assumir a nova condição.
Estudante – E quanto à realização de fenômenos pelos Adeptos?
Sábio – A produção de fenômenos não é possível sem o auxílio ou a interferência de elementais. Cada fenômeno implica o dispêndio de grande força, e também traz uma perturbação correspondentemente grande no mundo elemental, perturbação esta que está além do limite natural para a vida humana comum. Segue-se então que, tão logo o fenômeno seja concluído, o distúrbio ocasionado começa a ser compensado. Os elementais estão em grande excitação, e precipitam-se em várias direções. Eles não são capazes de afetar aqueles que são protegidos. Mas eles são capazes de, ou melhor, é possível para eles, entrar na esfera de pessoas desprotegidas, e especialmente as pessoas que estão envolvidas no estudo de ocultismo. E então eles se tornam agentes na concentração do Carma dessas pessoas, produzindo frequentemente problemas e desastres ou outras dificuldades que de outra forma poderiam ser de tal maneira espalhadas por um período a ponto de não ser considerado mais do que as adversidades normais da vida. Isto irá explicar o significado da declaração de que um Adepto não produzirá um fenômeno a menos que ele veja o desejo na mente de outro Adepto ou estudante, inferior ou superior Adepto; pois então há uma relação simpática estabelecida e também uma aceitação tácita das consequências que podem ocorrer. Também ajudará a compreender a relutância peculiar de algumas pessoas que podem realizar fenômenos, em produzi-los em casos em que possamos pensar que sua produção seria benéfica; e porque nunca são feitas para alcançar fins mundanos, já que é natural para as pessoas mundanas suporem que pode ser feito, – como adquirir dinheiro, transferir objetos, influenciar mentes, e assim por diante.
Estudante – Aceite meus agradecimentos por sua instrução.
Sábio – Que possa chegar ao patamar do esclarecimento!
William Q. Judge
Path, junho 1888