Muita Leitura, pouca Reflexão – W.Q.Judge
O homem sensato disse sabiamente que de produzir livros não tem fim. Se foi verdade em sua época, agora é a mesma coisa. Entre os membros da Sociedade Teosófica são generalizados os defeitos de ler muitos dos livros que continuamente chegam e de pensar muito pouco sobre o assunto lido. Qualquer um que esteja em condições de ver as cartas de consulta recebidas por aqueles na Sociedade que são proeminentes, sabe que o maior número das perguntas feitas é devido à falta de reflexão, à falha dos questionadores em estabelecer uma base segura de princípios gerais.
Para alguns, é tão fácil sentar-se e escrever um livro que não contém nada de novo, a não ser sua diferença de estilo em relação a outros, que o peregrino teosofista pode ficar rapidamente confuso se prestar alguma atenção. Essa confusão deve-se principalmente ao fato de que nenhum escritor pode expressar seus pensamentos de uma maneira que seja exata e totalmente compreendida por cada leitor, e os autores da literatura teosófica estão, de fato, apenas tentando apresentar sua própria compreensão particular das antigas doutrinas, com as quais os leitores fariam muito melhor se dedicassem mais tempo a refletir sobre elas por si mesmos.
No campo dos livros cotidianos há tanta leitura leve que o hábito superficial de dar uma olhada é evidente em todos os lugares, e ameaça se mostrar nas fileiras teosóficas.
Estou tão convencido que há livros superficiais demais no nosso campo específico que, se eu tivesse um jovem para treinar, eu o restringiria ao Bhagavad Gita, aos Upanishads, e a Doutrina Secreta por muito tempo, até que ele fosse capaz de produzir livros por si mesmo a partir deles, e de aplicar os princípios neles encontrados em cada circunstância e a sua própria vida e pensamento.
Aqueles teosofistas que só querem se entregar a uma variedade constante de novos pratos teosóficos continuarão a ler tudo o que aparece, mas os outros que são sérios, que sabem que estamos aqui para aprender e não apenas para nosso prazer, estão começando a ver que alguns livros bem lidos, bem analisados e bem assimilados são melhores do que muitos livros lidos uma só vez. Eles aprenderam como toda aquela parte de um livro que eles entendem claramente a princípio já lhes pertence, e que o resto, que não está tão claro ou bastante obscuro, é a parte que eles devem estudar, de modo que, se for considerado verdadeiro, também pode se tornar parte integrante da sua reflexão constante.
WILLIAM BREHON (WQJ)
Path, junho 1890