A Natureza setenária do Homem – Blavatskytheosophy.com
É de grande importância para nós saber e entender exatamente quem e o que somos e de que somos constituídos. A maioria das pessoas está familiarizada com as três palavras: Espírito, Alma e corpo, mas estas três não explicam suficientemente ou adequadamente a verdadeira natureza da constituição humana. Além disso, muitas pessoas confundem os termos “Alma” e “Espírito” e acham equivocadamente que eles são uma e a mesma coisa.
Nos ensinamentos da Teosofia, H. P. Blavatsky e os Mestres descrevem o ser humano como constituído de Sete Princípios, divididos em uma Tríade Superior e um Quaternário Inferior. Esses sete Princípios ou sete partes de nossa natureza são: a parte divina, a parte espiritual, a parte intelectual, a parte passional, a parte vital, a parte astral e a parte física. Os três primeiros compreendem a Tríade Superior e duram para sempre, enquanto os quatro inferiores duram apenas uma vida e são renovados a cada existência que temos.
A Teosofia afirma que este ensinamento sobre os Sete Princípios – juntamente com o do Carma e da Reencarnação – é da maior importância para a humanidade. Este artigo fornece apenas uma breve visão geral e uma introdução, mas esperamos que seja de interesse e benefício para muitos. É um artigo de acompanhamento para “Uma correta Compreensão de Carma” e “Uma correta Compreensão da Reencarnação”, ambos podem ser lidos clicando nos links do título. “Compreendendo nossos sete Princípios” [em inglês] é um artigo muito mais ampliado e detalhado, compilado diretamente das obras de H. P. Blavatsky e William Q. Judge.
A TRÍADE ESPIRITUAL
#7. ATMA – A Parte Divina
Atma (também grafado “Atman“) é a parte mais elevada e suprema do ser espiritual do homem. É puro Espírito eterno. É o Self Superior, o Self Divino, o Self Verdadeiro do ser humano e é literalmente uma só e a mesma coisa em essência e identidade que o Supremo Infinito Self. Isto está de acordo com os ensinamentos fundamentais do hinduísmo; que o nosso Self (o Atma) É o Self Supremo (Brahman). Atma literalmente significa Self. É o único dos nossos Princípios ao qual o inqualificável termo “Self” pode ser aplicado.
Não é uma coisa individual. Não existe algo como “meu Atma” ou “seu Atma“. O Espírito Eterno não é teu nem meu e não é posse individual separada de ninguém. Não existe o “meu Atma” nem o “teu Atma“, mas somente o Atma, o Uno Self Universal de todos. É aqui que tudo é verdadeiramente um. A chave de ouro para compreender a unicidade universal, a totalidade divina e a não-dualidade (e, portanto, a chave para a paz mundial!) está contida neste ensinamento sobre o Atma. Eu sou o Atma. Você é o Atma. Atma é Quem e o Que realmente somos. É a nossa natureza essencial, é o nosso verdadeiro self, é o TUDO no TODO. Na verdade, é a única e exclusiva Realidade. Como dizem os Upanishads, “Este Atma É Brahman.”
Uma vez que o Atma é literalmente o próprio Divino, devemos sempre lembrar que ele nunca encarna ou reencarna, nem é afetado pelo nosso Carma ou por qualquer outra coisa. Ele simplesmente É.
#6. BUDDHI – A Parte Espiritual
Buddhi é o segundo Princípio mais elevado da constituição do homem e é denominado Alma Espiritual, o veículo através do qual Atma (o Princípio mais elevado) irradia a sua luz. Não há nada de individual no Princípio de Buddhi. Assim como com Atma, não podemos falar em termos de “meu Buddhi” ou “seu Buddhi“. Ao contrário da opinião popular, Buddhi não é um sinônimo de “intuição”, mas a intuição surge em Manas quanto mais próximo está de Buddhi. O próprio Buddhi tem muito pouco a ver com qualquer coisa, exceto servir como veículo para o Atma, o Self. De qualquer forma, este é o caso
“A Mônada” (que significa “unidade derradeira” ou “unidade primária”) é um termo usado para descrever a conjunção dos dois Princípios mais elevados da constituição humana – Atma e Buddhi. Não há nada superior ao Atma; Atma é a parte mais elevada e suprema do ser espiritual do homem. Porque Atma é, literalmente, a Divindade, ele tem de ter um veículo através do qual irradiar a sua luz para a Alma individual. Buddhi é esse veículo e assim os dois, em conjunto um com o outro, são chamados de Mônada.
#5. MANAS – A Parte Intelectual
Manas é o Princípio da mente no homem, o aspecto da consciência, o pensador, a individualidade permanente que encarna e reencarna. De fato, é a alma humana. Manas é a mente e a mente e a Alma são uma e a mesma coisa. É um erro confundir a mente e o cérebro, como se fossem a mesma coisa. O cérebro é somente um órgão físico e serve apenas como um veículo físico para a mente/Alma – que é o verdadeiro pensador – se manifestar durante a encarnação física.
Nos ensinamentos da Teosofia, o Princípio do Manas é frequentemente chamado de Ego. Isto é usar o termo “Ego” no seu sentido verdadeiro e literal, o de significar o verdadeiro “Eu” do nosso ser.
É a entidade manásica, a Alma humana individual, que põe em movimento as causas em cada vida – por meio de cada pensamento, palavra e ação – as quais têm que ter seus correspondentes efeitos cármicos nessa e nas vidas subsequentes. É o criador e o “experienciador” do Carma.
Tem uma natureza dupla, a do Manas Superior e a do Manas Inferior. Quando a mente e a consciência são erguidas, levantadas e elevadas em direção a coisas superiores, coisas espirituais, coisas abstratas, coisas intelectuais, coisas relacionadas à bondade, verdade, pureza, amor, compaixão e beleza, ela está então funcionando como o Manas Superior e se aproximando cada vez mais da luz divina brilhante de Buddhi, a Alma Espiritual. Quando se permite que a mente e a consciência se afundem em direção às coisas inferiores, separativas, egoístas e sensuais da vida, é o Manas Inferior, apegando-se ao Princípio do Kama, a alma Animal.
O Manas não pode ir em ambas as direções ao mesmo tempo. Só pode ir para cima ou para baixo . . . para cima, para a espiritualidade ou para baixo, para a sensualidade. Espiritualidade e sensualidade nunca podem e nunca se misturarão. O Manas, a Alma humana, fica bem no meio entre as duas e deve fazer uma escolha entre elas. O nosso principal campo de batalha na vida é o da mente.
O QUATERNÁRIO INFERIOR
#4. KAMA – A Parte Passional
Kama, que literalmente significa “Desejo” em sânscrito, é o Princípio do desejo do ser humano quando em encarnação física. É a fonte e o centro dos seus desejos, paixões, luxúrias e da sua natureza sensual. Às vezes é chamada de “alma animal” porque é a nossa parte mais animalesca e bestial.
Durante a vida humana, este Princípio é chamado Kama. Após o fim da vida, o Princípio Kama se transforma em Kama Rupa que, literalmente, significa “forma de desejo”. No entanto, não é incomum denomina-lo Kama Rupa durante o período da encarnação embora, tecnicamente, é menos preciso.
Uma dos estágios após a morte é que a natureza do desejo se consubstancia numa espécie de forma sem sentidos, desencarnada, que permanece em Kama Loka (a atmosfera psíquica e a atração da nossa Terra) até finalmente se desvanecer e se desintegrar gradualmente por si mesma. Ela sobreviverá e permanecerá até que a força desses desejos e paixões tenha se esgotada e, quanto tempo isso levará, naturalmente será determinado pela orientação sensual que o indivíduo teve durante a vida que acaba de terminar.
#3. PRANA – A Parte Vital
Esta é a Força da Vida, a Vitalidade ou Energia que mantém o corpo físico vivo. É o Princípio da Vida, o “sopro da vida” no indivíduo. Uma pessoa permanece em encarnação física enquanto Prana permanecer ativo dentro dela. Assim que Prana parte e deixa de fluir, o corpo físico não tem outra opção senão morrer, pois é a força de Prana que o mantém vivo.
#2. LINGA SHARIRA – A Parte Astral
Linga Sharira – chamado de corpo astral – é o sutil e invisível “duplo” do corpo físico denso. É a forma, o molde e o desenho sobre os quais e em torno dos quais o corpo físico denso é construído. Ele vem à existência antes do corpo físico e só se desvanece completamente e morre quando a última partícula restante do corpo físico falecido desaparece e se desintegra, exceto o esqueleto.
O corpo astral também pode ser imaginado como o “corpo vital” ou “corpo energético” do ser humano porque é o veículo através do qual o Prana (o terceiro Princípio) flui para o corpo físico. É esta parte de nossa constituição que é utilizada nas atividades que se tornaram conhecidas como viagem astral, projeção astral e assim por diante. O termo “astral” é usado na Teosofia simplesmente como sinônimo de “subjetivo”, “sutil” ou “interno”.
Seu principal ponto de conexão com o corpo físico está na área do baço e esses dois corpos que temos estão conectados um com o outro ao longo de cada vida por uma espécie de cordão umbilical invisível que alguns chamaram de “fio prateado” ou “cordão prateado”. Às vezes, a ordem de Prana e Linga Sharira é trocada na literatura teosófica, mas se alguém parar para pensar sobre isso, isso não é realmente uma contradição.
#1. STHULA SHARIRA – A Parte Física
Sthula Sharira é o nome sânscrito para o corpo físico denso. Em verdade absoluta, não é um Princípio em si, mas é simplesmente o veículo de todos os outros Princípios durante a encarnação física. Sthula Sharira é descrita como sendo a filha de Linga Sharira (sua mãe) pela concepção de Prana (seu pai). É o nosso involucro exterior e, realmente, nada mais. Muitas vezes damos muito mais importância e ênfase ao nosso involucro exterior do que é realmente necessário ou útil.
Nós não estamos fazendo nenhum favor a nós mesmos ao nos identificarmos com nosso corpo ou com quaisquer outros aspectos de nossa natureza inferior. Estes, simplesmente, compreendem nossa personalidade atual, diferentemente da individualidade permanente da Alma, o Ego reencarnante. E mais elevado ainda do que a Alma está o nosso Self Verdadeiro, o puro Espírito eterno. As Almas são muitas, mas o Espírito é UM só. O objetivo todo da vida é perceber Quem e o Que você realmente é e voltar a tornar-se em consciência. Apenas o interno é o verdadeiro.
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