Uma correta Compreensão do Carma – Blavatskytheosophy.com
Talvez seja difícil de acreditar, mas é no entanto verdade, que praticamente ninguém no mundo ocidental tinha ouvido falar da palavra “Carma” ou saiba algo claro ou específico sobre ele, até apenas 140 anos atrás, quando H. P. Blavatsky e o Movimento Teosófico introduziram o conceito de Carma – juntamente com outros ensinamentos nitidamente orientais, como a reencarnação e a Unicidade e Divindade de toda vida – no Ocidente. O Carma, para começar, era em grande parte literalmente um conceito alheio mas sua verdade e realidade foram rapidamente percebidas por muitos e, por fim, a palavra e a ideia básica por trás dele foram incorporadas pela maioria das pessoas.
Alguns podem se opor a isso e dizer que o ensinamento do Carma já estava na Bíblia e, portanto, no mundo ocidental há quase 2.000 anos, mas, embora seja verdade que a Bíblia contenha algumas declarações muito claras da Lei do Carma, tal como “tudo o que o homem semear, ele também colherá”, esses versículos parecem nunca ter sido interpretados como um ensinamento do Carma, pois sempre foram subservientes às doutrinas mais claramente cristãs, como a expiação vicária: ter o registro de todos os pecados, delitos, suas consequências e responsabilidade, anulados e eternamente apagados da conta da Alma apenas por pedir perdão a Deus e professar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. O Padre da Igreja do século III, Orígenes de Alexandria, propôs a possibilidade de reencarnação, de acordo com as ações passadas de uma pessoa, em seus “Primeiros Princípios”, mas suas ideias diferiam de várias maneiras da perspectiva teosófica e não há evidências de que a massa geral dos primeiros cristãos tenha acreditado ou aceitado essas ideias; elas parecem não ter ido além dos domínios restritos de alguns filósofos cristãos primevos, alguns dos quais teriam sido inspirados pelos Evangelhos Gnósticos daquela época, mas que também tinham, por sua própria natureza, um público limitado. Para concluir essa questão, seria extremamente difícil encontrar registros de alguém no Ocidente que tenha ensinado clara e inequivocadamente os princípios do Carma como os conhecemos hoje, antes de Helena Blavatsky.
Hoje em dia, no entanto, quase todos no Ocidente já ouviram falar de Carma e têm pelo menos uma leve noção do que ele significa. Mas o que exatamente significa e como funciona? Muitas pessoas entendem mal e deturpam este nobre e antigo ensinamento espiritual, que não pretende ser apenas uma “crença”, mas uma base prática para o pensamento e a ação. A Teosofia afirma que Carma e Reencarnação são os dois conceitos espirituais vitais de maior importância que a humanidade precisa compreender com exatidão. Esperamos que estes dez pontos ajudem a proporcionar uma compreensão melhor e também mais prática da Lei do Carma.
- “Carma” significa literalmente “ação” e “ato” no antigo idioma sânscrito da Índia. É a Lei de Causa e Efeito, Ação e Reação, Sequência e Consequência. Estamos constantemente colocando causas em movimento, a cada momento, por meio de cada ato, cada palavra e até mesmo de cada pensamento. Para cada causa colocada em movimento, há um efeito correspondente e correlativo que retorna. É assim que o Universo mantém a sua harmonia, estabilidade e equilíbrio. Se uma causa fosse posta em movimento sem ter um efeito correspondente, então o Universo inteiro deixaria de existir imediatamente, uma vez que sua continuidade e existência dependem dessa grande Lei de equilíbrio e ajuste. Mas isso nunca acontecerá porque a Lei cármica é uma Lei imutável. Nas palavras de H. P. Blavatsky, a Lei do Carma é “a Lei suprema do Universo”. Todo ser autoconsciente no Universo, sem exceção, está sujeito à Lei do Carma. Todo ser que possui autoconsciência individual e o poder inteligente de escolha é um criador de causas cármicas. Carma é a Lei do destino autocriado e tudo no Universo procede de acordo com essa Lei. Pode ser bom ou ruim, positivo ou negativo, dependendo inteiramente da natureza das causas que colocamos em movimento. Ela é totalmente impessoal, mas é totalmente justa e equitativa em seu funcionamento.
- Tentar ESCAPAR do Carma é criar um Carma ainda pior para si mesmo. Além de ser grosseiramente não-filosófico, impossível e espiritual e emocionalmente imaturo, apenas tentar de alguma forma PREVENIR e EVITAR a manifestação dos efeitos das causas que você mesmo colocou em movimento é tentar se envolver em nada menos que em uma injustiça cósmica!
- Muitas pessoas têm uma visão unilateral do Carma em que dizem alegremente coisas como: “O Carma vai pegar aquela pessoa que me prejudicou…. Mal posso esperar para que o Carma a alcance”, ignorando completamente o fato de que, antes de mais nada, a pessoa não teria sido capaz de prejudicá-las ou de magoá-las se não fosse pelos seus PRÓPRIOS Carmas negativos. O Carma nunca é unilateral. Para cada efeito, houve uma causa. Para cada causa, haverá um efeito. As pessoas que anseiam que o Carma “alcance” os outros estão apenas criando um Carma ainda pior para seu próprio futuro devido à sua falta de compaixão e natureza rancorosa.
- O Carma e a reencarnação estão indissoluvelmente ligados um ao outro. Não é possível ter um sem o outro. É óbvio que uma única vida não é, de forma alguma, suficientemente longa para colher todos os efeitos de todas as causas que colocamos em movimento durante essa vida. Também é evidente que alguns dos aspectos e circunstâncias de nossa vida atual não têm suas origens na vida atual, mas possivelmente em um passado distante. A encarnação física em si é um efeito cármico, já que uma das principais razões pelas quais reencarnamos é para lidar com nosso Carma passado. Para ter uma compreensão adequada do Carma, a pessoa também deve entender corretamente a reencarnação. Para ter uma compreensão adequada da reencarnação, a pessoa também deve entender corretamente o Carma.
- Há três divisões de Carma e, no hinduísmo, elas são chamadas de Carma Sanchita, Carma Prarabdha e Carma Agami (também conhecido como Kriyamana e Vartamana). O Carma Sanchita de uma pessoa é sua “conta cármica” ou “reservatório cármico”, o depósito de todo o seu Carma de vidas passadas que ainda não foi resolvido. Carma Prarabdha é a parte específica desse Carma Sanchita que a pessoa está destinada a enfrentar e vivenciar na vida atual. Se for lidada com êxito, essa parte de seu Carma será então exaurida e eliminada. Carma Agami é o novo Carma que estamos criando para nós mesmos aqui e agora, enquanto vivemos esta vida atual. Ele é adicionado ao nosso Carma Sanchita e se manifestará como nosso Carma Prarabdha em vidas futuras.
- É verdade que todos nós temos “um destino na vida”. É o nosso Destino cármico, nossa cota carmicamente determinada de situações, circunstâncias e experiências. Devemos sempre nos esforçar para conseguir o melhor, mas quando não conseguimos ter o sucesso que gostaríamos em certas áreas da vida, não importa o quanto ou quantas vezes tentemos ou o que façamos, devemos aceitar isso como uma indício de nosso Carma e ser gratos e satisfeitos com o que temos, em vez de ficar frustrados e deprimidos com o que não temos ou não podemos ter. Nenhuma quantia de pensamento positivo, visualização criativa, afirmações ou orações pode alterar seu destino cármico na vida. Esse é o seu Carma Prarabdha. Isso não é fatalismo; é a Lei do destino autocriado. No passado, você criou o seu presente e, no presente, está criando o seu futuro.
- TUDO o que acontece conosco é carmicamente DESTINADO ou carmicamente PERMITIDO. Não pode ser de outra forma, pois nada pode acontecer fora da Lei do Carma. Algumas coisas em nossa vida estão especificamente destinadas a acontecer conosco, como resultado de nosso Carma, enquanto outras são meramente permitidas. Há também coisas que não acontecem conosco, porque nosso Carma não permitirá. A Pessoa nº 1 e a Pessoa nº 2 estão caminhando juntas à noite quando um louco aparece de repente e apunhala a Pessoa nº 1. Parece provável que ele também esfaquearia a Pessoa nº 2, mas, sem razão aparente, ele foge sem fazer isso. A Pessoa nº 1 estava carmicamente destinada a ser esfaqueada ou seu Carma permitiu que eles pudessem ser esfaqueados, mesmo que isso não estivesse especificamente destinado a acontecer. O Carma da Pessoa nº 2 não destinava nem permitiu que tal coisa acontecesse com ela. Embora nosso Carma às vezes possa parecer ser nosso maior “carrasco”, ele também pode ser nosso maior guardião e protetor.
- A Lei do Carma se aplica a tudo no Universo manifestado. Assim como Carma individual, há também o Carma familiar, o Carma grupal, o Carma nacional, o Carma racial, o Carma planetário e assim por diante.
- O Carma e a reencarnação são encontrados claramente expressos nas religiões mais antigas do mundo – no Hinduísmo, no Budismo e em outras religiões orientais, mas não é apenas um ensinamento oriental. A reencarnação e o Carma faziam parte (embora reconhecidamente uma pequena parte) dos ensinamentos do Cristianismo até o século VI d.C. No Segundo Concílio de Constantinopla, em 553 d.C., esses ensinamentos foram repudiados, declarados heréticos, e oficialmente substituídos por doutrinas que são mais representativas da forma atual do Cristianismo. Embora a Lei do Carma e da Reencarnação não seja ensinada nos ensinamentos públicos e exotéricos do Cristianismo, Judaísmo, Islamismo etc., ela é ensinada nos ensinamentos internos e esotéricos dessas religiões e, na verdade, de todas as religiões.
- A única maneira de nos libertarmos de Carma negativo é parar de colocar CAUSAS negativas em movimento! Para evitar criar quaisquer tristezas e sofrimentos futuros para você pare de criá-los para os outros. Viva sua vida de forma consciente e inofensiva. Obtenha total domínio sobre seus pensamentos, palavras e ações e viva para ajudar e servir aos outros. Mas não deixe que seu motivo subjacente para isso seja o egoísmo – ou seja, para criar um bom Carma para si mesmo – mas, em vez disso, viva a vida de amor e compaixão simplesmente porque é a coisa certa a fazer. Ame a bondade e a virtude por si só … compreenda que o egoísmo é a grande maldição da humanidade . . . e viva meramente para ser uma força impessoal benéfica para o bem neste mundo.
Literatura complementar sugerida:
Uma correta compreensão da Reencarnação e A Natureza setenária do Homem
Isenção de responsabilidade
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